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24 Diário da Câmara dos Deputados

Et - Admi - 44 - WDS - SSS - Lisboa - 14:025 25 - 18 II 93 C. - Referência telegrama 53 e notas tratam mesmo assunto Ministro concorda comunicar factos justiça francesa; no emtanto, V. Exa. ponderará inconveniente em vista funções diplomáticas que capitão Pinheiro aí desempenhou. - Chefe Gabinete, Ribeiro Nobre, tenente-coronel".

No mesmo dia em que recebi esta resposta mandei a seguinte confidencial ao já, referido Sr. director do Banco Nacional Ultramarino:

"Cópia. - Paris, 26 de Outubro de 1922. - N.° 109. - Confidencial. - Exa. Sr.-Tenho a honra do comunicar a V. Exa. que, tendo dado conhecimento a S. Exa. o Ministro da Guerra dos escrúpulos que V. Exa. manifestou em participar à justiça francesa o crime cometido pelo capitão miliciano Frederico da Fonseca Rosado e Almeida Ribeiro, que aqui esteve ao servido da repartirão do adido militar, recebi hoje a resposta em que S. Exa. declara não se oporá que V. Exa. proceda como julgar mais conveniente.

Com os meus dedicados cumprimento?, desejo a V. Exa. a - Saúde e Fraternidade,-Exmo. Sr. A. Thieux, director do Banco Nacional Ultramarino, 8, Rue du Helder, Paris. - O Adido Milhar de Portugal, Vitorino Godinho".

Aqui tem V. Exas. como o adido militar procedeu para defender os dinheiros do Estado.

Não me compete agora a mim saber o estado em que se encontra o processo. Não é isso das minhas atribuições, mas babem alguns Ministros da Guerra as diligências que eu junto dêles em preguei para que o mais ràpidamente possível se desse andamento a um processo que eu desejaria ver liquidado prontamente, não porque perigasse a minha dignidade pessoal, mas porque desejava que castigo exemplar fôsse dado ao criminoso que, além de ser um falsificador, tinha abusado da minha confiança.

Eram estas as explicações que queria dar. Agradeço à Câmara o ter deixado que eu fizesse esta exposição que julgo ser bem elucidativa sôbre tudo aquilo que se passou e que, porventura, me possa dizer respeito.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Cunha Leal: - Sr. Presidente; se por ventura ou, tendo, como todas as pessoas, sensibilidade, talvez um tanto doentia ou excessivamente doentia, no íntimo da minha, consciência pudesse ter pena de procurar aclarar contas do Estado que envolvem o nome do Sr. Ministro do Interior, depois de o ouvir, todas as minhas dúvidas desapareceriam.

O Sr. Ministro do Interior quis dai me uma lição de correcção. Eu era o adversário político. Coloquei S. Exa. em circunstancias vexatórias.

Pretendi esclarecer um caso, só agora, o que desde há muito sucedeu.

Em compensação, o Sr. Ministro do Interior é uma pessoa tam correcta nos sons actos o nas suas palavras que, para esclarecer êste caso, não teve de recorrer a outros argumentos senão aqueles que tossem atenuantes.

Procurou desviar a questão para o lado pessoal: procurou ferir, ofender.

Não fez como certas pessoas que procuram recolher o que desconhecem.

Não sujou as suas mãos, disse.

Eu fui claro; não desloco a questão do campo em que ela está.

E todos compreendem que, depois desta lição de correcção dada pelo Sr. Ministro do Interior, não me posso sentir repêso, por preguntar onde param os 240:000 francos que dizem ter sido roubados.

O que importa ao público?

São as insinuações que aqui se façam? Não; são as acusações concretas.

Quando elas se fizerem, terão ocasião do responder pelo que elas contenham.

Creio, porém, que devemos, por agora, ir ao facto.

Vamos ao facto. O facto são 240:000 francos desaparecidos.

Quem é que foi roubado?

Pregunto à consciência da Câmara se é possível dividir o assunto em duas partes, aquela a que respondeu o Sr. Ministro do Interior, e a outra a que deverá responder o Ministro da Guerra. Toda a gente vê que essas duas respostas se completam uma à outra.