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Sessão de 17 de Junho de 1925 21

realizar a sua interpelação sôbre o assunto, lhe fazer as seguintes preguntas:

1.ª Houve exame à assinatura do cheque falsificado?

Neste caso, quem foram os peritos nomeados para tal exame?

Qual foi o resultado dêsse exame?

2.ª Porque não se prendeu o criminoso?"

Sr. Cunha Leal: V. Exa. conhece-mo há pouco tempo; mas deixe-me ter - porque é humano - esta vaidade: a de lhe dizer que tenho levado sempre uma vida do trabalho.

Para poder concluir o meu curso de liceu tive de fazer a escrita de uma casa comercial em Coimbra o para poder sustentar-mo e a minha família, quando era simples subalterno de infantaria, tive do dar explicações para assim arranjar um complemento honesto do meu soldo insignificante. Tenho levado uma vida inteira de trabalho e de honestidade e estou convencido - e essa consolação me basta - de que todas as pessoas que me conhecem repelem a hipótese de que ou seria capaz de me emporcalhar num assunto de tal natureza.

Apoiados.

A minha escola tem sido, pois, a do trabalho. A minha escola tem sido a da dedicação. A minha escola tem sido a do dever. A minha escola nunca foi a do ócio ou a do vício.

Sr. Presidente: repito, é para mim bastante doloroso abordar esta questão, mas infelizmente soa forçado a fazê-lo. Prossigamos, pois, na apreciação do discurso do Sr. Cunha Leal. Lê-se no relato a que me reporto:

"Em seguida o Sr. Cunha Leal relatou ainda que na sua recente visita a Angola seguira para esta colónia, no mesmo vapor em que viajava, o Sr. Almeida Pinheiro. Toda a gente sabia já que fora êle o autor dum facto irregular; contudo, ninguém o incomodou. Porquê? Porque êste caso pertence ao número dos mistérios incompreensíveis do nosso país".

Esta pregunta faço-a eu tam sinceramente como S. Exa. Mas permita-me, Sr. Cunha Leal, que eu estranho que, viajando V. Exa. no mesmo barco em que seguia um criminoso do delito comum, que V. Exa. reconheceu, não tivesse prevenido as autoridades portuguesas no primeiro pôrto onde se encontrou.

O Sr. Cunha Leal: - Sr. Presidente: V. Exa. pode pedir ao orador licença para eu o interromper?

Pausa.

Não vale a pena, não vale a pena.

O Orador: - Continuemos a analisar o discurso do Sr. Cunha Leal:

"Na altura da interpelação - declara o orador - desejo fazer ainda algumas preguntas mais, tais como: Não houve nas contas deixadas pelo Sr. Aschman alguma modificação? Figura êste senhor como devedor do Danço Ultramarino? Como foi liquidada a conta particular do actual Ministro do Interior? O Sr. Afonso Costa teve em tudo isto alguma interferência?".

A couta particular do actual Ministro do Interior, na Agência do Banco Ultramarino, de Paris, era bem simples e mais do que modesta. Averigúe o Sr. Cunha Leal quais os lançamentos da minha conta particular o averigúe como ela foi liquidada. Eu quero crer que o Sr. Cunha Leal é um homem de bem; faça isso.

Concluindo, o Sr. Cunha Leal diz:

"... é bem que todos saibam como andam as contas do Estado. Para mais, não desistindo o Sr. Vitorimo Godinho de ocupar as melhores situações dentro do país, é bom que o país saiba se êle será capaz de só desempenhar devidamente das mesmas situações".

Eu não sei até que ponto vai a fidelidade dêste relato. Mas só esta afirmação não é exacta, o Sr. Cunha Leal, que me ouve, pode rectificá-la.

O Sr. Cunha Leal: - Permita-me V. Exa. que eu lhe não responda. V. Exa. colocou a questão em tais termos que me impedem do o interromper directamente. Peço a V. Exa. que adopte para comigo igual procedimento.

O Orador: - Eu sei que para se intensificar uma campanha que contra mim vem