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Sessão de 17 de Junho de 1925 17

O Sr. Pedro Pita (para explicações). - Sr. Presidente: eu estava muito longe de suspeitar que ia servir de tabela de bilhar para que o Sr. Ministro do Interior respondesse ao Mundo. Não foi mal engendrado, mas eu é que me nego a ser tabela de bilhar.

As minhas palavras foram ditas em voz tam alta e foram tam precisas que não podiam deixar ao Sr. Ministro do Interior, como certamente não deixariam a ninguém, dúvidas nenhumas sôbre o que significavam.

Em primeiro lugar não disse que era o Govêrno quem mandava espancar os presos. Se tivesse de fazer uma afirmação destas, Sr. Presidente, teria de acrescentar ao que disse palavras que não tive de proferir. Nem mesmo fiz sequer a afirmação de que os presos eram espancados.

Apoiados.

Disse simplesmente que isto constava, que se dizia que já tinham sido mostradas e vistas roupas de alguns que tinham marcados êsses maus tratos. Não sei se assim é ou não; mas sei que isso se diz em toda a parte; sei que quando o afirmei até Deputados da maioria me apoiaram.

Sr. Presidente: vir dizer que na corporação da polícia também há povo, que a circunstância de vestir uma farda não impede de ser povo, isto em resposta a mim e ao meu partido, dá-me francamente vontade de ir...

Ah! Sr. Presidente! Quem mais do que nós tem levantado a voz contra os atentados de que têm sido vítimas os desgraçados polícias, que, para sustentar a sua família, são obrigados a arriscar a própria vida?

Quem mais do que nós se tem colocado ao lado dos Governos, tenham êles a facção que tiverem, quando se trata de dar à polícia a fôrça necessária para bem cumprir a sua missão e para defendê-la dos ataques de que tem sido vítima?

Então não fomos nós que tivemos a sorte, na meia dúzia de dias que passámos pelo Ministério, de dar à polícia o brilhante comandante que ela tem?

Apoiados.

Se o Sr. Ministro do Interior não teve o intuito de fazer de mim a tabela de bilhar, para carambolar para a Rua do Mundo, num jornal que lá existe, então quis evitar a conversa que o Sr. José Domingues dos Sanos tem anunciada. Mas isso não é comigo! Isso é lá com a família...

Risos.

Comigo há apenas o desejo de pôr as cousas no devido pé!

Recapitulando, pois, direi que nunca podia Colocar-me ao lado dos desordeiros, sobretudo contra aqueles que constantemente arriscam a sua vida e que têm sabido mostrar que prezam, acima dela, o seu dever.

Não fiz também a afirmação de que era o Govêrno que mandava aplicar maus tratos.

Afirmou o Sr. Ministro do Interior que a corporação da polícia não tem lá dentro pessoas más.

Só nós aqui, que somos 163, nos julgamos às vezes maus uns aos outros, o que fará numa corporação de milhares de pessoas?

Em toda a parte há bom e mau.

Faço ao Sr. Ministro do Interior a justiça de acreditar que, embora S. Exa. tivesse todos os defeitos que lhe assacam, não era capaz de mandar praticar os actos a que há pouco me referi e que me consta, como consta a toda a gente que lê os jornais, terem sido praticados.

É justamente para honra dessa corporação, que o Sr. Ministro do Interior defende e cuja defesa aplaudo calorosamente, que desejo que se averigúe dos casos a que aludi e se castiguem os indivíduos que delinquiram.

Creio que estão esclarecidas as minhas palavras.

Não sou capaz de fazer especulação política dum assunto desta natureza. Posso porventura ser violento nos meus ataques, mas o que procuro sempre é fazer justiça a quem a tem, dando a cada um o que cada um merece.

Tenho dito.

O orador não reviu.

Foi admitida a moção do Sr. Pedro Pita.

O Sr. Pina de Morais: - Sr. Presidente: a minha intervenção no debate em nada deve influir na vida do Govêrno, nem nas disposições que a Câmara tenha para com êle, visto que as minhas palavras não