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Sessão de 17 de Junho de 2925 13

missão de um Ministro é uma presunta que esteja, fora das atribuições que me competem como Parlamentar.

O que não está- dentro das praxes, das normas da correcção em que o Parlamento está colocado perante o Govêrno e o Govêrno perante o Parlamento, é que o Sr. Presidente do Ministério se agaste a ponto de responder em termos agressivos, em gestos descompostos, em atitudes de quem pretende castigai' o menino com palmatoadas, porque cometeu o delito de não saber a lição.

Fique o Sr. Presidente do Ministério sabendo uma cousa: é que nem os seus ares, nem as suas ameaças de dissolução, nem nenhuma atitude que, porventura, queira tomar, têm sôbre nós qualquer influência.

Todos sabemos que S. Exa. é capaz de repetir com qualquer de nós a violência que praticou já com dois dos nossos, mas nenhum de nós é pessoa para se arrecear dessas cousas.

Sr. Presidente: lavrado em termos bem claros o protesto que era necessário lavrar contra atitudes que, a repetirem-se, já aqueles que as tiverem sabem antecipadamente que ninguém, pelo menos dêste lado da Câmara, faz caso delas; lavrado êste protesto, vou entrar propriamente naquilo que se convencionou chamar o debate político.

Sr. Presidente: posso ligar, e cabe até bem ligar, as considerações que vinha a fazer a propósito da moção que apresentei com as considerações que teria de fazer a propósito do debate político.

Compreendo, Sr. Presidente, explico a mim próprio, embora sem as justificar, as palavras e atitudes do Sr. Presidente do Ministério. S. Exa. foi guindado àquela situação porque, creio que poucas pessoas terão dúvidas a êste respeito, entre o descalabro que havia dentro do partido de que faz parte, S. Exa. era a pessoa que, fazendo dominó para ambos os lados, estava indicada para exercer essa função.

Risos.

Não foram os seus merecimentos especiais, porque os não tinha, não foi a sua preparação, porque a não tem ainda hoje, foi a situação de estar bera com Deus e com o Diabo, e poder num dado momento satisfazer para ambos os lados aquela aspiração da união partidária. Foi assim feito Presidente do Ministério, Presidente de acaso, de circunstância, sem nenhumas condições de o ser.

Rodeou-se, na generalidade, de pessoas nas mesmas condições, e assim é que os actos dêste Govêrno se caracterizam pelo atrabiliário, pela falta de respeito pela lei, pelo desconhecimento absoluto das normas, mesmo as mais elementares de direito, de direitos adquiridos, de reconhecimento pela situação dos outros.

É daí, Sr. Presidente, que nós vemos essa coberta de frangalhos a afirmar, não que o regime não preste, não que os homens do regime não servem, mas somente que há um partido a querer fazer monopólio do Poder e que, tendo queimado os elementos de primeira ordem que tinha, se socorre de elementos de segunda ordem para se manter no Poder.

Não deixará de se ouvir ainda afirmar que é no propósito de bem servir a República.

A quantos tenho ouvido esta afirmação sem sinceridade, sem verdade!

A quantos eu ouço afirmar que pretendem defender a República, quando não pretendem outra cousa senão defender a sua situação, defender, quantas vezes mais que a sua situação, que é legítima, o prato!

Sr. Presidente: aquilo que em boa paz, só perturbada pela atitude do Sr. Presidente do Ministério, se tem dito nesta Câmara a propósito da obra dêste Govêrno era só por si bastante para que o Presidente do Ministério, pensando nas palavras que ouviu e indo para casa meditar um pouco sôbre elas, fôsse o primeiro a reconhecer que prestava um grande serviço ao País e à República abandonando a situação que ocupa, e que não tem o direito de ocupar, porque não é capaz de fazer qualquer cousa de bem.

Sr. Presidente: é tam fácil falar assim quando se está na situação em que me encontro, quando a experiência nos tem demonstrado que na República há filhos e afilhados, e quando na situação de afilhados nos encontramos, conservando-nos leais porque em nós existe verdadeiramente o sentimento republicano, e ainda porque, como toda a gente sabe, ao falarmos nestes termos não estamos a apresentar um memorial para irmos ocupar as cadeiras que fiquem vagas! Não,