O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

18 Diário da Câmara dos Deputados

vêm posar senão como uma opinião pessoal.

Sr. Presidente: afigura-se-me, depois que me interesso mais pelo decorrer da vida parlamentar, que os Governos da República vivem em crise permanente.

Tenho a impressão de que não se arranjou um equilíbrio político dentro da República, de forma a facultar, aos homens de Estado que ocupam as cadeiras do Poder, a propriedade dos seus actos.

Continuadamente, muitas vezes intempestivamente, são os Governos atacados, procurados o indagados com preguntas que vão desde a indiscrição política à indiscrição financeira e económica, de forma a prejudicar a sua unidade de acção e o seu programa do realizações.

A que corresponderá uma situação tam calamitosa, uma situação que consegue ciar aos estranhos a impressão da insustentabilidade permanente dos Governos?

Atribuo eu êste facto a erros que vêm de longe. Atribuo eu isso a velhos erros que a nossa República tem praticado. - Um ponto muito grave e que fica fora de todas as discussões é a diferença da vida da República até 1918 e depois dessa data.

Até 1918, a administração republicana foi honrada e procurou ser acertada. Depois disso, a República tem-se enxovalhado sucessivamente com muitos desmandos. Não quero acusar os homens públicos que tem passado pelas cadeiras do Poder desde essa data até hoje. Sei que êsses homens, sejam quais forem as suas doutrinas o objectivos, são sempre patriotas e que só mio fazem mais é porque não podem ou porque não sabem.

A minha acusação, portanto, não vai recair sôbre ninguém. Falo em conjunto, apreciando apenas os factos.

Já nas repúblicas velhas, e vá lá uma citação, o que não está muito nos meus hábitos, Platão dizia que não era enchendo os povos de leis que bem se governava. Não é fazendo leis sôbre leis que se dá à nossa República aquilo de que ela carece.

É, de facto, absolutamente indispensável, para nos erguermos à altura do regime que defendemos, que a República seja uma República do moralidade.

Apoiados.

Sou um homem habituado ao culto das responsabilidades.

Habituei-me e eduquei-me nesse culto, de modo que tanto aprecio quando só faz justiça elevando e engrandecendo, como quando se faz justiça castigando.

Êste ponto ó, na minha opinião, opinião acanhada talvez, um dos mais essenciais para a vida o destinos da República; 6 que principia a desenhar-se em. Portugal a chamada questão social.

As organizações operárias ressentem-se da falta de educação e conhecimentos com que possam lançar se à realização dos problemas que por essa Europa fora se discutem.

Tem sido pràticamente arredado o aspecto da carestia da vida.

Hoje, com o correr do tempo, tem havido mais preparação e conhecimento, tem havido uma propaganda mais acentuada, e, portanto, realmente, aparece, de facto, dentro do país a chamada questão social. É o ponto grave que os Governos da República devem bem ponderar.

Bem governar é aproveitar com inteligência e nobreza as fôrças sociais que parece serem a canalização dessas energias.

O Govêrno do Sr. Vitorino Guimarães sentiu o embate lógico de todas estas cousas, com as fôrças conservadoras no 18 de Abril; e tem tido outros, não com fôrças, não com doutrinas, não com pressões, não com políticos, mas com gente doutra ordem que me abstenho de classificar, luta que se assemelha ser extremista.

O 18 de Abril teve uma acção decisiva por parte do Govêrno. E assim que se procede. O exército, como tantas vezos tenho dito, tem obrigação de viver dentro de um regulamento.

Quem quero fazer vingar os seus pontos de vista, quem quere ter abertas as órfãs da política, despe a farda como eu fiz, deixa-a dentro do quartel.

V. Exa., Sr. Presidente do Ministério, cumpriu integralmente o seu dever, defendendo a República e a Constituição.

Têm-se ouvido acusações violentas ao exército.

Ninguém leve a mal o que vou dizer: o exército não é mais que a expressão que lhe deu o Poder Legislativo.