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22 Diário da Câmara aos Deputados

sendo feita se pretendo aproveitar a circunstancia de ou ser candidato a uma vaga do conselho do administração do dada companhia. Ora eu Julgava que quem como eu tem um passado do trabalho o honestidade poderia, som desdouro, concorrer a um lugar para o desempenho do qual só julga com as indispensáveis faculdades de trabalho e do estudo.

A todos os que me conhecem, amigos e inimigos, é fácil saber a maneira por que me tenho desempenhado sempre das missões de que tenho sido encarregado.

O Sr. Cunha Leal tem, por acaso ou por coincidência, a mesma profissão que eu: ambos somos oficiais do exército. Não conheço a folha de serviços do Sr. Cunha Leal, nem pretendo conhecei, mas se S. Exa. tem muito empenho em conhecer a minha, só me dará prazer em faze-lo, porque não receio o confronto.

Exerci depois, também por coincidência e porque mo foi solicitado, um lugar vago pela demissão do Sr. Cunha Leal, o lugar de director geral da Estatística,

Referiu-se também S. Exa. ao lugar de director da Estatística.

O Sr. Cunha Leal, e todos aqueles que quiserem, podem verificar se eu, com a minha pobreza de talento o de inteligência - porque, pobre do mim, não tenho aquele talento o aquela inteligência que são proverbiais no Sr. Cunha Leal - desempenhei ou não aquele cargo por forma a ter cumprido o meu dever, procurando pelo trabalho suprir aquelas deficiências.

Estou convencido, diz-me a minha consciência, de que tenho procurado até hoje naquela comissão, com muita dedicarão por aquele ramo de administração pública, fazer alguma cousa de útil, e também - deixem me passar a imodéstia mais uma vez não receio o meu confronto neste lugar cem o Sr. Cunha Leal, muito embora eu não possa, nem de longe, medir as minhas faculdades com as de S. Exa.

A minha vida encontra-se perfeitamente às claras; não me acusa a consciência do cometimento de qualquer facto menos regular.

Procure-me, esquadrinhe-se e esgravato-se bem a minha vida, e veja-se o que do irregular, de menos lícito ou de menos legítimo se pode encontrar em qualquer assunto que possa brigar com aquilo que é a dignidade e a honra duma pessoa,

Veja-se tudo, procure-se tudo, desde que eu comecei a estar a soldo do Estado.

Vejam-se as minhas fôlhas de vencimentos, vejam-se os meus recibos do soldos, vejam-se as gratificações que tenho recebido, eu não deixo de receber um centavo que mo pertença, mas nunca quis, nem quero felizmente sou pobre e pobre hei-de continuar a viver um centavo que me não pertença.

Tenho, portanto, a consciência tranquila a êsse respeito.

Os meus honorários são os da lei, são aqueles que me foram atribuídos. Nunca estive em situações onde pudesse receber vencimentos que não me pertencessem, ou do poder atribuir a mim mesmo determinadas gratificações.

Assim, pois, Sr. Presidente, e pedindo perdão à Câmara de lhe ter tomado êste tempo, eu quero mais uma vez afirmar que foi coai bastante mágoa que vi, ou descortinei, o propósito que houve em vista ao levantar-se, aqui esta questão.

Compreendo, porque é humano, que o Sr. Cunha Leal não tenha nenhuma espécie de simpatia por mim. Sucede isso a muitas pessoas; não é só a S. Exa. Todos temos inimigos. Assim, compreendo que S. Exa. me quisesse atingir. Tinha para isso S. Exa. o campo político. Parecia-me, porém, que o leader de um partido não deveria, para atacar um Ministro, enveredar no cominho que encetou. Não o entendeu assim o Sr. Cunha Leal.

O Sr. Cunha Leal entendeu tratar agora de um caso que já se passou há perto de três anos emfim está no sen direito - e quis, ao pôr estas questões ao Sr. Ministro da Guerra, deixar, porventura, na Câmara a impressivo de que o Minisíro do Interior se encontrava embrulhado em qualquer cousa menos limpa para a sua honra ou para a sua dignidade pessoal. Não, Sr. Cunha Leal!

Dê-se V. Exa. ao incómodo de ir passar um bocado de tempo, e eu peço-lhe que o faca, à minha modestíssima casa que está longe de ser um palacete, e verá, porque eu lá lhe mostrarei tudo, como tem sido adquirida a minha fortuna.

Então S. Exa. poderá reconhecer, pois creio que é uma alma bem formada, a injustiça do acto que praticou.