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22 Diário da Câmara dos Deputados

De resto, êsses homens nem mesmo pertencem a nina determinada corrente de política social, tanto que até os dirigentes dos partidos mais avançados fora da República não desejam de forma alguma qualquer espécie do solidariedade com êles, pedindo à própria polícia a sua punição.

Trata-se de criminosos de delito comum, mas que nem por isso deixam de ser homens o do estar ao abrigo das garantias da Constituição.

Eram estas palavras que me sentia obrigado a dizer à Câmara, sem o intuito de agravo para ninguém, nem com o objectivo de armar à popularidade ou ao favor de quem quer que seja.

Sr. Presidente: vou terminar as minhas considerações como as comecei: se é certo, como todos afirmam e eu sinto, que não só a República mas a própria nacionalidade atravessam uma hora difícil, se é certo que é necessária a conjugação de todos os esfôrços sinceros e dedicados, arrepiemos caminho, que ainda é tempo, e, em lugar de nos estarmos a dividir, criando situações irredutíveis e trazendo para a política processos que não cabem num programa sério e honrado, ponhamos de parte um pouco dos nossos interêsses políticos, um pouco da nossa vaidade, um pouco do nosso orgulho e sejamos acima de tudo portugueses e republicanos.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Carlos de Vasconcelos:-Sr. Presidente: não tencionava entrar neste debate. Reputo sempre os debates políticos, quando assim se prolongam, como absolutamente nocivos ao bom andamento da máquina do Estado.

Não entraria nele, reservando-me só o prazer de ouvir os leaders dos diversos lados da Câmara formularem os seus pontos do vista, e, integrando-me na orientação do partido em que muito, votaria nessa conformidade.

No emtanto, no decorrer dêste debato político fizeram-se referências a um Govêrno do que tive a honra do fazer parte, e por isso não posso deixar passar, sem o meu mais veemente protesto, as palavras com que se pretendeu denegrir êsse Ministério,

Sr. Presidente: por mau caminho andamos se acolhemos todas as atoardas, infames ou não, que circulam a respeito dos homens públicos.

Ocupava uma cadeira ministerial na célebre noite em que caiu o Govêrno do Sr. José Domingues dos Santos o muitos mo procuraram afirmando-mo as cousas mais extraordinárias.

Dum lado dizia-se que nas galerias estavam bombistas mandados para lá pelo Govêrno. Do outro lado afirmava-se que donos das casas do jôgo forneciam dinheiro e automóveis aos Deputados que atacavam o Govêrno.

Sr. Presidente: desprezei, como deprêzo, todas as calúnias dessa ordem.

Não acreditarei jamais que os Deputados que atacavam o Govêrno de que eu fazia parte fossem tam vis, tam baixos, que aceitassem dos donos das casas do jôgo espórtulas para atacarem o Ministério do Sr. José Domingues dos Santos.

Pertencendo também a êsse Govêrno, tendo colaborado Intimamente com todos os seus membros, nunca poderia acreditar que qualquer dêles fôsse capaz de mandar para as galerias assassinos, bandidos para exercerem coacções infames sôbre o Parlamento.

Sr Presidente: eu tinha razão para assim supor, porque bem pouco tempo depois sabia quem tinha dado ao Bela Khun o bilhete para a galeria.

Não pronunciarei o nome do Deputado que o deu, mas digo que êle não pertenço à maioria desta Câmara.

Vozes:-Diga o nome! Diga o nome!

O Orador: -Incumbe à polícia de segurança do Estado averiguar o nome dêsse Deputado. Eu não sou delator.

Sr. Presidente: muitas vezes a questão da ordem pública foi encarada pelo Ministério José Domingues dos Santos, mas jamais êsse problema foi solucionado pela fôrça.

No emtanto, durante os três meses que durou o Ministério não houve atentados bombistas, não houve desordens nas ruas, a ordem foi perfeita.

Isto leva-me a afirmar mais uma vez que a ordem só se mantém com o respeito à lei.