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20 Diário da Câmara dos Deputados

rés e mais desvairadas perturbações na sociedade portuguesa.

Muitos apoiados.

Tenho dito.

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Amadeu de Vasconcelos: - Sr. Presidente: pensava eu, que vai para quatro anos tenho assistido dia a dia à vida dêste Parlamento, que os trabalhos parlamentares não me reservariam surpresas.

Mas ainda menos pensava, Sr. Presidente, que, ao entrar hoje nesta Câmara, bem longo do fazer uso da palavra, havia de presencear o espectáculo que se acaba do desenrolar diante de nós todos. E, preguntei a mim próprio, por várias vezes, se estava no seio da representação nacional do meu País, ou estava assistindo à última sessão do congresso do meu partido,

Apoiados.

Eu preguntava, a mim mesmo, repito, com a consciência serena e tranquila de todos os momentos e de todos os actos da minha vida, se aqui estamos "a cuidar a sério dos sagrados interêsses da Nação, e se as palavras que estava ouvindo oram daquele bravo marinheiro, que pela Pátria e pela República heroicamente tem arriscado a sua vida.

Apoiados.

Para onde vamos, pois, nesta hora atribulada?

De pé e bem de pó e de cabeça bem erguida, estão os homens que defenderam o Ministério do Sr. José Domingues dos Santos,

Discutam-se os seus actos do homem público; discutam-se as leis que aqui trouxemos, discuta-se o esfôrço que fizemos para realizar a política que sincera e honestamente julgamos a melhor.

Mas, Sr. Presidente, que nos ataquem de encruzilhada, que deturpem os nossos actos, isso é que não farão sem o indignado protesto, que aqui lavraremos, sem o protesto que, por todos os meios legítimos, levaremos aos confins do País.

Apoiados.

De pé e bem de pé estar êsses homens que nada devem à República, que nada lhe pedem, que mesmo alguma cousa têm recusado que se não têm cicatrizes a testemunhar o seu esfôrço e dedicação, estão ainda numa hora da vida em que, infelizmente, ainda as poderão receber.

Sejamos, pois, justos!

Defendamos as nossas ideas pela melhor forma que entendermos, mas respeitemos os nossos adversários e sobretudo aqueles que ainda se dizem nossos correligionários!

Fora daqui, para o lugar próprio, aquilo que possa haver a dentro do nosso partido.

Neste lugar, somos todos correligionários e temos direito a falar tanto do pó, como aqueles que de pó querem falar.

E de ordinário não são aqueles que mais falam e mais alto gritam que têm mais razão!

Lamento (e é triste sina a minha) ter de responder, eu que - perdoem-me esta vaidade e êste orgulho - por favor dos meus correligionários e amigos fui considerado o leader dos "canhotos" nesta casa, ao Sr. Agatão Lança, pela muita estima e admiração sinceríssima que tenho por êsse - permita-me S. Exa. que o diga - por êsse rapaz, que na fôrça da vida não hesitou, não hesita e não hesitará, em verter até à última gota do seu sangue pela Pátria e pela República, mas que enferma daquilo que êle mesmo proclamou como a maior das suas virtudes. S. Exa. é um sentimental, que se deixa arrastar fàcilmente, que esquece a observação, sem querer dizer que S. Exa. é injusto, para não dizer também que S. Exa. é menos verdadeiro. Mas eu, se quisesse rebater uma por uma todas as acusações do S. Exa., não o poderia fazer perante tam variados factos que S. Exa. apontou e que eu desconhecia.

Para mais, Sr. Presidente do Ministério, Sr. Ministro do Interior, simples Deputado do meu partido, não tenho, como V. Exas. à sua ordem os arquivos da Polícia de Segurança. E pena, porque desejaria saber em que dia e com autorização de quem foram fornecidos a S. Exa. os elementos que tem em seu poder.

Creio que já não é director dessa polícia o indivíduo que ocupava êsse cargo ao tempo do Ministério do Sr. José Domingues dos Santos.

Mas se daquele facto não pode advir mal, outros pode haver de que resultem prejuízos não só para as instituições como para o País até!