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Sessão dê 19 de Junho de 1925 25

correligionário, se de um correligionário se tratasse, o que não creio ...

O Sr. Carlos de Vasconcelos: - V. Exa. sabe, e eu já disse há pouco, que para a galeria reservada vão muitas vezes indivíduos com bilhetes dados por Deputados que apenas os conhecem de ligeiras relações comerciais, clínicas ou outras similares. Nas galerias não estavam somente indivíduos extremistas; estavam, também, pessoas que foram encontradas na Rotunda em 18 de Abril, com bombas.

O Orador: - Sr. Presidente: seja como fôr, um facto há que é preciso frisar: o Sr. Carlos de Vasconcelos não teria feito a afirmação que fez se não estivesse absolutamente convencido de que ela era verdadeira. Desde que assim é, quere-me parecer que o Deputado atingido não tardará em vir à Câmara prestar declarações.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Lino Neto: - Sr. Presidente: com relação ao que acaba de dizer o Sr. Carlos de Vasconcelos, desnecessário será dizer que êste lado da Câmara seria incapaz de pactuar com elementos de desordem.

A minoria católica põe sempre o máximo cuidado na distribuição dos bilhetes, e tanto assim que nesse dia nem um só distribuiu.

O orador não reviu.

O Sr. Pinto Barriga: - Sr. Presidente: o caso não pode ficar por aqui. Feita uma acusação concreta a um membro desta Câmara, nós temos o direito de exigir explicações precisas ao Sr. Carlos de Vasconcelos.

O Sr. Brito Camacho (para explicações):- Não tencionava eu pedir a palavra: no emtanto manifestações de vários lados da Câmara obrigaram-me a fazer uso dela, visto que alguma cousa sei e posso dizer do facto relatado.

Quem mandou *o bilhete ao Sela Khun fui eu; simplesmente êle o não quis aceitar, dizendo que só aceitava bilhetes dos seus correligionários.

Tenho dito.

Risos.

O orador não reviu.

Antes de se encerrar a sessão

O Sr. Presidente: - Vai entrar-se no período de antes de se encerrar a sessão.

O Sr. Pedro Pita: - Desejava chamar a atenção do Sr. Ministro do Interior para um facto que se passa e que eu creio que não é do conhecimento de S. Exa.

Há um tempo a esta parte que os meus correligionários de Santarém estão sendo vítimas de uma perseguição continuada por parte de algumas autoridades.

Foi assim, Sr. Presidente, que, sem mais nem menos, em seguida ao movimento de 18 de Abril, foi assaltado o Centro Nacionalista daquela cidade e presos alguns indivíduos, os quais pouco depois eram postos em liberdade por nada se ter provado contra êles.

Mas, agora, fez-se outra cousa.

IS uma povoação que fica distante de Santarém cêrca de 45 quilómetros, o Sr. comissário de polícia está a mandar intimar, para que compareçam no comissariado, todos os indivíduos que são nacionalistas, e, a propósito de umas investigações sôbre o derrubamento de uma vedação, demora-os 8 dias. Ao fim dêste tempo solta-os, para os prender de novo, à ordem do comissariado, e há 12 dias que tem indivíduos nestas condições.

Eu tenho a certeza de que o Sr. Ministro do Interior vê perfeitamente que ao participar-lhe êstes factos, não tenho o intuito de dizer que êles são ordenados por S. Exa.

Certamente que o Sr. Ministro vai tomar providências, porque, Sr. Presidente, ser nacionalista é ser republicano.

Se realmente há algum indivíduo que tenha responsabilidades em qualquer facto julgado criminoso, deve ser enviado ao Poder Judicial.

Eu vou concretizar a S. Exa., em duas palavras, o resumo dos factos.

Na povoação de Minde era tradicional fazer-se uma procissão.

Aquela gente pediu licença ao Sr. governador civil para a fazer, e êle autorizou, dizendo ao Sr. delegado do Govêrno que, se não houvesse inconveniente, a autorizasse.

Mas o Sr. regedor de Minde exigiu 100$, e, como não lhos dessem, mostrou--se muito zangado.