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Sessão de 19 de Junho de 1925 15

indigitados executores do próprio Sr. António Maria da Silva!

O Sr. Vasco Borges: - E quem mandou guardar a casa?

O Orador: - Foi o director da polícia de segurança do Estado, repito, de acordo com um Sr. Celestino de Vasconcelos.

Sr. Presidente: ainda de certo V. Exa. se recorda do uma celebre sessão nocturna que houve nesta Câmara, em que as galerias tiveram a frequência dêsses mesmos legionários que têm cometido os mais vis atentados.

Como foi possível a tais criminosos entrarem para as galerias da Câmara dos Deputados?

Eu acuso, Sr. Presidente! Acuso dizendo que lhes foram distribuídos bilhetes antes do meio dia. A V. Exa., Sr. Presidente, incumbe averiguar por meio dos funcionários do Congresso, como é que antes do moio dia já se havia feito á distribuição de bilhetes para a entrada nas galerias, nossa sessão noturna, de homens que são os maiores criminosos desta terra.

Eram bilhetes falsificados?

Não sei! Sei que êsses bilhetes foram distribuídos antes do meio dia.

Sr. Presidente: eu falo alto porque desejo que a minha voz seja transportada a todos os recantos do Pai? para que todos os homens honestos, todos, emfim que defendem a ordem saibam os riscos e perigos que aqui atravessamos e saibam também a razão e a justiça que1 assistem à revolta que eu sinto dentro de mim próprio.

Apoiados.

Mas há mais! Eu hei-de dizer tudo!

Apoiados.

Hei-de dizer tudo porque me são indiferentes as consequências do que digo.

Eu podia ter morrido na guerra quando comboiava os transportes que conduziram. Os nossos soldados para a Franca; podia ter morrido pelo choque de qualquer mina submarina ou torpedo; podia ter morrido em combates pela defesa da República; eu poderei morrer amanhã, como oficial da armada, em guerra com o estrangeiro ou nas colónias portuguesas lutando pela soberania da bandeira da República e, portanto, pouco me importa morrer amanhã nas ruas de Lisboa, por concitar contra mim os ódios de toda essa vil escumalha que vem por vezes às galerias desta Câmara. Sr. Presidente! Se assim, fôr, 'da mesma forma morrerei com honra, no cumprimento do dever!

Apoiados.

Dali, da galeria onde se sentam os secretários dos Ministros e os antigos governadores civis, se fazem muitas vezes as mesmas manobras que se produziram dentro do Congresso do meu partido. É que, conforme no referido Congresso houve três ou quatro pessoas a fazerem sitiais para que em determinado momento, se produzisse barulho para tentar abafara minha voz, também daquela galeria o secretário do antecessor do Sr. Presidente do Ministério, um Sr. Chaves, mandava recados por uma outra criatura que também tem sido, julgo, secretário de Ministros, para que os agitadores que se encontravam na galeria central só se manifestassem quando êle o indicasse.

Êste facto passou-se na sessão conjunta em que reapareceram, para tomar parte nos trabalhos parlamentares, os dois Deputados que haviam estado presos em S. Julião da Barra.

São tostem unhas os Srs., Joaquim Ribeiro e engenheiro António Cabral, que, perante mim, assumiram a responsabilidade de comprovar esta afirmação. Creio que Oste facto é suficientemente elucidativo da falta de escrúpulos que preside à escolha do pessoal que trabalha nos gabinetes dos Ministros.

Reforçando a minha afirmativa de há pouco, quero agora dizer que no mós de Março foram distribuídos a legionários doze cartões de agentes da polícia de segurança do Estado. Com cartões ou sem êles, essa polícia não se coibia de utilizar os seus serviços com frequência, e tanto assim que muitos dêsses malfeitores foram por ela introduzidos num célebre comício que por aquela época sã realizou no Teatro Nacional e em que se fez a apologia declarada da desordem e da revolução social.

Mas há mais.

Um indivíduo de nome Vasconcelos da Silveira recebeu de Celestino de Vasconcelos 500$ para entregar a Artur Afonso, hoje deportado, para pagamentos de despesas realizadas com material explosivo. Êsse dinheiro saiu talvez dos cofres da