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16 Diário da Câmara dos Deputados

polícia do segurança do Estado, mus, como fôsse pouco, os legionários puseram em prática outros expedientes criminosos para angariar quantias que lhes permitissem a aquisição do bombas e pistolas. Foram aos bancos exigir dinheiro.

Devo dizer à Câmara que merece a minha mais indignada repulsa a atitude dêsses banqueiros, que, por cobardia, forneceram aos legionários o dinheiro que êles reclamavam para a prática dos seus crimes. Conscientemente ou não, a verdade só que êlles se transformaram em preciosos cooporadores da Legião Vermelha.

Ainda não oram bastantes os recursos adquiridos por essa forma. Principiou então a falsificação de cédulas e de estampilhas dos correios. Como não conseguiram assassinar o Sr. António Maria da Silva, contentaram-se em desfalcar os rendimentos da corporação de que êle é prestigioso chefe.

Foi um indivíduo do nome "Vidraças", de sociedade com elementos ao serviço da policia do segurança dó Estado, quem arranjou os apetrechos necessários para a falsificação dos selos. Posso mostrar à Camâra um pedaço de chapa com que era feita a falsificação. Assim conseguiram muito dinheiro, com que mandavam fazer as bombas e comprar armas para praticar os crimes que o País conhece.

Estou referindo factos que demonstram a estreita ligação que existe entre indivíduos que são contra a sociedade e outros que tinham por obrigação defendê-la.

Está esclarecida a razão por que mio lhes foi aplicado o tal artigo do Código Pernil: não poderiam vir para as galerias do Parlamento exercer uma tentativa de coacção o de ameaça sôbre os Deputados.

Seria natural que os legionários, após darem entrada nos calabouços do Govêrno Civil, solicitassem a protecção da C. G. T. ou do seu conselho jurídico, visto que, embora falsamente, se intitulavam operários o pretendiam a designação de presos por questões sociais. Não sucedeu assim. A polícia apreendeu alguns bilhetes em que êles pediam a amigos que procurassem o Sr. José Domingues dos Santos para a sua defesa. Sei que êste Deputado não pode ser acusado pelos pedidos que lhe são feitos. Mas é verdadeiramente estranho que os presos se lembrassem de apelar para quem, como homem público, tem obrigação do defender a sociedade dos ataques dos seus inimigos não podendo entender-se com êles para os libertar do castigo que pelos seus crimes merecem.

Reconheço também que nenhum Deputado tem culpa dos bilhetes de visita que qualquer criminoso traga na sua cantoria. Podo tratar-se dum abuso do confiança, encarregando uma tipografia da impressão dêsses bilhetes. O que é certo é que um dos legionários trazia na sua carteira um bilhete de visita do Deputado que no Pôr-to chamou infames aos seus colegas, desta casa do Parlamento que derrubaram o Govêrno do Sr. José Domingues dos Santos. Êsse Deputado vai certamente demonstrar que de abuso de confiança só trata,

Sr. Presidente: todos me conhecem e sabem que não sou homem de ódios. Não tenho ódios a ninguém. Nunca os tive.

Apoiados.

Mas não sou homem que tema seja quem fôr, pôr mais alto que esteja.

Tenho defendido a República como militar e como cidadão, e é ainda êsse o meu objectivo usando da palavra neste momento.

Estou a fazer o meu depoimento na Câmara dos Deputados do meu país. Quero dizer à Câmara as verdades que é indispensável que ela conheça para formular sôbre determinados homens públicos o juízo implacável que êles merecem. Não sou homem que tenha ódios, repito. Mais fàcilmente mo determino por impulsos de sentimento e de generosidade do que por qualquer propósito de vindicta. Não! Tenho na minha vida actos que demonstram que sou capaz de verter o meu sangue para salvar um adversário. Não hesitei um dia, com risco da própria vida, em impedir que um acto de desvairada violência se praticasse contra um meu inimigo político, um conspirador que tinha tomado activa parte nas incursões monárquicas. E é ainda êsse espírito sentimental que me faz deter nas acusações a protectores de legionários, para não ter de pronunciar o nome do alguém que tem sido meu companheiro em lances arriscados da marcha da República o que nunca deixou de me demonstrar a sua consideração e a sua estima.