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8 Diário da Câmara dos Deputados

se discutiu a lei do sêlo, as fôrças vivas. E quando tomo uma atitude contra os extremistas, sou apontado como defendendo a Legião Vermelha.

Pois, bem, Sr. Presidente, na minha vida ministerial - e, já tive por várias vezes a desventura do ser Ministro - estive envolvido em conflitos grandes: e da margem, quando acabei com o pão político, que até acarretou o ódio dela e daqueles que beneficiavam dêsse pão político; a luta com o maior potentado que talvez exista em Portugal, e, que, apesar de olhar para tudo isto com soberano desprêzo, alcança tudo quanto quero. Ataquei-o pelo modo como êle procedeu em Portugal, como cidadão e como negociante. Como cidadão, provei aqui de sobra, que, se fôsse em França, êsse homem teria sido fuzilado.

As minhas palavras não ecoaram, porque vários jornais, a soldo dêsse homem, e vários folhetos mo indultaram e procuraram provar que a minha honra não era intangível e que me vendia.

O único orgulho da minha vida, Sr. Presidente, e ser um homem honrado.

Apoiados.

Pois bem: ataca-se o Sr. Presidente da República ou qualquer homem do bem, e, nunca os jornalistas são condenados. Mas, porque houve um jornalista que ousou defender a minha honorabilidade, êsse homem que tudo compra o que nos despreza, porque é muito poderoso, conseguiu que um júri, que não vai julgar Legião Vermelha, porque tem môdo; metesse o referido jornalista sete meses na cadeia.

Êsse homem é o Sr. Alfredo da Silva.

Tenho aqui os documentos que êle mandou roubar no Ministério dos Estrangeiros. Não os comprei, porque nunca comprei nem votos nem documentos.

Mas acontece, Sr. Presidente, que êsse homem que vive no ostracismo, porque os Governos nunca passaram contra Cie um mandado de captura, apesar de êle, com o seu imenso poder, ser capaz de mandar insultar, prender e matar até, se fôr preciso, não tem paz na sua consciência.

Os seus processos de esmagamento dos concorrentes vão até ao máximo.

Estamos nós, Sr. Presidente, e V. Exa. sabe-o muito bem, porque é um agrónomo; em face da guerra que êle moveu, de forma a que todo o enxofre que existo em Portugal está apreendido, porque, não podendo elo fazer um acordo com a Itália, arranjou aqui uma marca, em virtude do que os tribunais mandaram apreender todo o enxofro mio lhe não pertencia.

E, se não fôsse a sorte dêste ano não ter sido atacada a vinha portuguesa, êsse homem teria ganho alguns milhões de libras.

O Sr. Nuno Simões (interrompendo): - Aqui há 4 ou 5 meses, pedi ao Sr. Ministro dos Estrangeiros que me fôssem fornecidas cópias do documentos que existiam no seu Ministério e que demonstram as características do cidadão a que V. Exa. se referiu. Porém, até hoje, aquele Ministério ainda nada me forneceu, apesar da minha insistência.

O Orador: - Pois bem! Está o enxofre apreendido e todo aquele que no pleno uso de um direito importar euxôfre não o pode vender e vê os seus capitais comprometidos. Com que direito isto sucede?

E assim, Sr. Presidente, sofremos a influencia dêsse homem, que tem poder sôbre os tribunais o até sôbre os governos (Apoiados e não apoiados), dêsse homem que mo insultou na minha honra quando Ministro...

O Sr. Paulo Cancela de Abreu (interrompendo): - Os tribunais não se deixam influenciar seja por quem fôr! Faço-lhes essa justiça!

O Orador: - Faz V. Exa. bem em defender os tribunais e eu teria uma grande satisfação em ser da sua opinião, mas infelizmente não posso.

Sr. Presidente: acaba do ser êsse homem, que nos desprezou, que me insultou a mim, homem do bem, que encheu o País de folhetos, que obteve a condenação de um jornalista por mo defender, acaba de ser visitado por um membro do Govêrno, que na sua fábrica almoça, por um Deputado do círculo, que almoça tam bem e que declara que tem pena do que o Sr. Alfredo da Silva ali não estivêsso para o fazer republicano. Mas que conceito formará êsse Deputado acerca da mentalidade do Sr. Alfredo da Silva? Se êle é uma pessoa que tem as ruins