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Sessão de 26 de Junho de 1925 13

nistrador, procurou-me manifestando o seu desagrado por êsse facto.

Ouvi durante duas horas as queixas que me faziam contra o Sr. Vergílio Costa, e não o defendi.

Parece-me também que não tinha de defender o Sr. Joaquim Ribeiro pelo motivo de o Sr. Alfredo da Silva o atacar.

Altos interêsses da Nação e do meu círculo me levaram ao Barreiro.

Não podia eximir-me, como Deputado, de comparecer acompanhando as comissões políticas do meu Partido o a Câmara Municipal, que vive quâsi que exclusivamente do que sobra daquela importante fábrica da Companhia União Fabril.

Disse o Sr. Joaquim Ribeiro que defendeu a sua classe.

Eu não defendo classe absolutamente nenhuma.

Dízia-me S. Exa.:

"Olho para a carestia da vida, Sr. Tavares do Carvalho!"

Olho para a carestia da vida, sim, e vejo que a saída do ouro para pagar o adubo estrangeiro só pode contribuir para a carestia da vida.

Eu não pude deixar do lamentar que o nosso País não tenha muitos homens com a iniciativa do Sr. Alfredo da Silva, que fez essa grande obra do Barreiro.

Era bom que houvesse uns doze ou quinze homens como aquele para engrandecimento do nosso País, e, portanto, tínhamos de lamentar que o Sr. Alfredo da Silva estivesse proibido de viver em Portugal, devido talvez ao facto de se não conduzir como eu, republicano, desejava que êle se conduzisse, sem hostilizar a República.

Demais, a casa do Sr. Alfredo da Silva o têm ido vultos importantes, como os Srs. Afonso Costa e António Granjo.

O Sr. Joaquim Ribeiro (interrompendo): - Isso foi antes de se saber que o Sr. Alfredo da Silva foi, durante a guerra, inculpado de ter entendimentos com o inimigo.

O Orador: - Eu não sei. Estava na guerra cumprindo o meu dever e não podia acompanhar o que se dizia desta ou daquela pessoa.

Vi que o Sr. Joaquim Ribeiro defendeu uma classe: defendeu a agricultura. Está no seu direito, como eu me sinto no dever de defender a indústria e os altos interêsses do meu círculo.

Não posso consentir que se prejudique aquele grande concelho, que em breve será uma cidade, e a verdade é que o engrandecimento do Barreiro só deve principalmente à grande fábrica da Companhia União Fabril.

Também desafio o Sr. Joaquim Ribeiro a que mostre ser mais honesto do que eu.

Ainda não vi o Sr. Joaquim Ribeiro levantar-se contra a carestia da vida.

É que S. Exa. é proprietário e agricultor e não apenas consumidor como eu.

Não defendo o Sr. Alfredo da Silva porque não defendo individualidades. Não ataco V. Exa. como não ataco ninguém.

O meu intuito é sempre o mesmo: defender acima de tudo os interêsses do País.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Joaquim Ribeiro: - Sr. Presidente: julgo que fui bem claro nas considerações que há pouco fiz perante esta Câmara.

Não vim defender a classe agrícola em prejuízo do País.

A única preocupação que tenho é salvaguardar os interêsses nacionais.

Se me referi à indústria agrícola,, foi para afirmar que ela era a mais contingente e a mais útil.

Nunca falei nesta Câmara que não fôsse para tratar dos interêsses gerais do País.

Ainda há pouco, quando se discutiu aqui o sistema tributário, fui um dos que em primeiro lugar se levantaram para defender a criação dos novos impostos.

Quem assim procede prova bem que põe acima de tudo o bem geral do País.

A indústria exercida pela União Fabril não necessita de protecção.

Ainda um anúncio recentemente publicado por aquela Companhia e ao qual me referi há pouco, mostrando-o à Câmara, prova de uma maneira clara que, de facto, ela não necessita de protecção do Estado.

Estranhei eu, porventura, que o Sr. Tavares de Carvalho tivesse ido visitar as fábricas do Barreiro?

De maneira nenhuma.