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22 Diário da Câmara dos Deputados

torino Guimarães no Poder. Não era, é claro, uma questão do princípios que norteava a atitude do Sr. Autónio Maria da Silva. Pelo contrário, aquelas palavras de tam forte indignação que S. Exa. empregou para a pretensão do Sr. Vitorino Guimarães não podem deixar de ser ainda mais violentas em relação à pretensão que o Sr. António Maria da Silva manifestou ao perfilhar esta proposta que o Sr. Velhinho Correia mandou para a Mesa.

No emtanto, esta proposta serve para mostrar qual a orientação financeira do actual Govêrno. Vemos que o programa do Govêrno se resume em dar cumprimento às opiniões do Sr. Velhinho Correia, E é bom que isto só saiba para que aqueles que dizem que o actual Govêrno é, mais ou menos, conservador, não continuem, nessa ilusão, visto ser já conhecido de toda a gente o conservantismo do Sr. Velhinho Correia, que não perde ocasião de dizer em toda a parte que é radicalíssimo em matéria de finanças.

O certo é que quando amanhã o País tiver conhecimento desta proposta certamente não deixará de ver a comédia verdadeiramente revoltante que o Parlamento pretende representar ao querer fazer aprovar os orçamentos, embora com a aparência duma discussão feita a sério.

Não sei se o texto desta proposta foi ou não distribuído aos representantes da imprensa nesta casa do Parlamento. Se o não foi êles certamente só apressarão a pedido para o tornarem conhecido do todo o país.

Se na nossa acção estivesse a maneira de evitar a votação desta monstruosidade nós não hesitaríamos um momento em o fazer.

Já o meu querido amigo Sr. Morais Carvalho preguntou se valeria a pena, ante uma monstruosidade destas, estarmos a discutir, ou antes a associarmo-nos, à comédia que se chama a discussão dos orçamentos. Bom é que à família republicana se deixe exclusivamente a responsabilidade da apresentação desta proposta.

O País há-de ter conhecimento do que aqui se está passando, e que não nos deixam fiscalizar devidamente os dinheiros do contribuinte.

Sussurro.

Pausa do orador.

O Sr. Presidente (agitando a campainha): - Peço ordem.

O Orador: - Dizia eu a V. Exa. mas certamente o barulho que na Câmara havia não deixou ouvir) que o País há-de sabor o que aqui se passa, e a opinião pública, por moio das suas associações, virá aqui protestar por forma que ninguém mais pensará em propostas desta natureza.

O ilustre Deputado Sr. Pinto Barriga, que há pouco, em àparte, interrompeu o meu amigo Sr. Morais Carvalho, disso que lá fora, no Parlamento inglês e no francês, se faz a discussão dos orçamentos por forma bem diversa; mas S. Exa. esqueceu-se de que lá os orçamentos nSo estão errados como os nossos, e não precisam do largo oxame que a nossa proposta orçamental reclama.

Um Orçamento que tem um déficit como o nosso não pode deixar de ser minuciosamente estudado e discutido, pois há pontos em que as verbas são exíguas e outros em que elas são demasiadas. Isto de se dizer que no estrangeiro se faz de certa forma não quere dizer que essa forma seja de aplicar entre nós, pois o que lá é bom pode ser aqui mau, e até muito prejudicial. Por exemplo, no que diz respeito a estradas, a nossa verba é verdadeiramente ridícula, tam exígua ela é.

Não sendo reforçada, nós deixaremos arrumar grande parto do património nacional, impedindo até o regular funcionamento do todas as fôrças económicas susceptíveis de aproveitamento no País.

Se a Câmara pensar neste assunto, não dará, de nenhuma forma, o seu voto a esta proposta.

Tenho a maior satisfação em ver na sala o meu querido amigo Sr. Ginestal Machado, que ontem me disse estar inscrito, e que, afinal, hoje não pôde falar.

S. Exa. o a minoria nacionalista deixaram-nos inteiramente sós no combato a uma proposta desta natureza, dando assim lugar a que, porventura, lá fora se diga que S. Exas. estão de acordo com o Govêrno em deixar votar os orçamentos por esta forma.

A minoria nacionalista podia e devia impor-se para que não fôsse votada uma proposta desta ordem.