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Sessão de 9 de Julho de 1925 17

terá opinião igual àquela que então tinha.

O que se pretende, Sr. Presidente, não faz sentido, pois a verdade é que se não compreende que a discussão do um orçamento, como por exemplo o do Ministério da Agricultura, seja feita numa só sessão, se o Sr. Presidente assim o entender ou ainda em meia sessão ou num quarto de sessão.

Sr. Presidente: sessões nocturnas, como se propõe no artigo do Sr. Sá Cardoso, não se compreendem, e eu estou certo que S. Exa. já deve estar arrependido de o ter apresentado.

Se é facto que o Sr. António Maria da Silva derrubou o Ministério do Sr. Vitorino Guimarães, por êle ter apresentado à Câmara uma proposta para seis duodécimos, não é menos certo que o que S. Exa. pretende, com a aprovação das alterações ao Regimento, é a aprovação de doze duodécimos.

O Sr. Tavares de Carvalho (interrompendo): - Isso é que é folgo.

O Orador: - O País é que tem o folgo quási que esgotado.

Mas, Sr. Presidente, são doze duodécimos que vamos votar, e eu não compreendo como a mesma Câmara, que não aceitou a idea do Sr. Vitorino Guimarães, possa querer uma cousa que é muito pior do que a que o Sr. Vitorino Guimarães apresentou ao Parlamento.

Poderão o Sr. José Domingues dos Santos e os Srs. Deputados canhotos, com fundamentada razão, dizerem que o seu querido correligionário Sr. António Maria da Silva pensava servir o seu querido amigo, o Sr. Vitorino Guimarães, para o substituir no Poder, donde no Diário de Notícias dirige cartas de namoro ao Sr. José Domingues dos Santos.

Mas quantas vezes os namorados não tem tantas falas carinhosas para com as namoradas, para depois os actos corresponderem pouco àquilo que nas cartas se lia!

Como o Sr. José Domingues dos Santos se deixa levar pelas palavras doces das cartas de namoro do Sr. António Maria da Silva, se depois do Sr. José Domingues dos Santos ter aceitado as cartas, é irradiado.

Embora a luta entre as duas facções democráticas esteja na ordem do dia, vou pôr de parte êste assunto, para V. Exa. não dizer que me afasto da questão.

De 163 Deputados que fazem parte da Câmara, a única oposição é constituída pelos 3 Deputados monárquicos que têm de lançar mão de todos os meios que o Regimento lhes permite para evitarem a aprovação de uma medida que reputam atentatória dos interêsses do País.

Em doze anos de experiência de República, quando aqui não havia oposição monárquica, ficou bem demonstrado o mal que adveio ao País dessa falta.

Não teriam sido tantas as dificuldades na vida do País se aqui tivesse havido sempre quem, fazendo-se eco das reclamações e interêsses da Nação, procurasse impedir a votação de medidas verdadeiramente atentatórias dos interêsses nacionais.

Como já notou o meu querido amigo, Sr. Morais Carvalho, na proposta fala-se em duas sessões nocturnas, mas não se diz se se realizam por semana ou por ano.

Uma outra circunstância curiosa: estamos a 9 de Julho e as Câmaras estão prorrogadas apenas até 15 do corrente.

Para que estamos a discutir uma alteração ao Regimento da Câmara, em que se diz que haverá sessões nocturnas, se para haver sessões nocturnas a primeira cousa que é necessária é haver sessão legislativa, é haver trabalhos parlamentares?

Pois ainda se não apresentou nenhuma proposta para prorrogar o Congresso.

Como é então que a Câmara quere discutir os orçamentos?

Estando a 9 de Julho e estando o Congresso da República prorrogado até 15 de Julho, há tempo para se discutirem os orçamentos?

Só pelo processo do Sr. Velhinho Correia ou constituindo-se o bloco, em que entre a minoria católica.

De outra forma não vejo como isso possa ser.

Mas a Câmara pensa o que há-de fazer.

Do lado da maioria há ideas firmadas a êste respeito.

Talvez se pense numa nova prorrogação.

Então o Sr. Vitorino Guimarães há-de preguntar àqueles que queriam ver o Or-