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22 Diário da Câmara dos Deputados

damos para servir os interêsses políticos que julgamos melhor nos conduzirem ao fim que nos propomos.

Se, porventura, nos encontramos na mesma estrada e andamos juntos ao lado um do outro, no dia seguinte cada um segue a sua rota, e do nosso encontro de momento não fica outra cousa que não seja o próprio acontecimento que o determinou.

Não temos ligações de nenhuma espécie, nem com o Partido Nacionalista, nem com a Acção Republicana. Vivemos por nós e para nós.

A política que fazemos é para nós e só por nós.

Desejava na verdade que o Sr. Presidente do Ministério organisasse um Ministério em melhores condições políticas, S. Exa. ora bem digno de ter encontrado melhores colaboradores.

A tarefa que se propôs - tarefa de conciliação republicana - só poderia ser levada a cabo não tendo dentro do seu Ministério pessoas que ainda ontem soltavam brados de guerra.

Não sei como essa conciliação pode ser feita com os actuais Ministros, alguns dos quais proferiram calúnias que não serão capazes do aqui repetir e provar.

Refiro mo ao Sr. Ministro da Agricultura, que afirmou protegermos bancos e banqueiros. Repito S. Exa. a provar o que disse.

O Sr. Ministro da Agricultura (Gaspar de Lemos): - Declaro a V. Exa. que não fiz tal afirmação.

O Orador: - Folgo com isso. É necessário que as nossas palavras sejam ditas á luz do sol, que sejam claras e francas, como as nossas pessoas.

Nunca proclamei o extermínio de banqueiros ou de bancos. O que afirmei, desde a primeira hora, foi a necessidade do o Estado viver independente de banqueiros.

O que afirmei foi a necessidade de o Estado não depender da finança do País.

Nunca defendi a entrada de pessoas para o Banco Emissor com o fim de anichar amigos. O que afirmei foi a necessidade de o Estado ter representação nó Banco Emissor, para assim garantir a sua própria existência.

Nunca proclamamos a guerra a ninguém, nem contra qualquer político ou qualquer partido.

O Sr. Presidente do Ministério tem neste momento um pesado e dificil encargo.

Muitas e grandes dificuldades será surgir na sua marcha governativa, da parte daqueles mesmos que maiores esfôrços fizeram para que gerasse a formação do Govêrno.

Aqueles mesmos que entravaram os passos de S. Exa., impedindo-o de organizar Govêrno em 24 horas, apesar da sua alta categoria mental e política, hão-de levantar embaraços ao seu Govêrno, não se importando com a sua posição na política o no sou próprio partido.

Pela nossa parte não lhe levantaremos dificuldades. Não lhe criaremos embaraços.

Aguardaremos os seus actos em espectativa benévola.

Se S. Exa., ao sair das cadeiras do Poder, tiver cumprido honradamente, como esporamos, o que diz na sua declaração,, não terá nenhuma razão de queixa do grupo político que só quere viver à luz do sol.

Pois que, árida toda a gente a afirmar que nada vaiemos, que não temos opinião republicana atrás de nós, e, afinal, vemos que, de toda a parte, se procuram levantar armas contra nós!

Mas, então estão todos a fazer a ridícula figura de Sancho Pança, esgrimindo contra moinhos de ventos!

Se não temos condições de existência, porque se preocupam tanto connosco?

Porque se pretende continuar nessa maneira cómoda que tem caracterizado a vida política portuguesa?

Combatem-nos, porque somos pessoas que temos a coragem de afirmar bem alto os nossos princípios, visto que, nada devendo nem temendo, andamos na política sem quaisquer interêsses mesquinhos.

Não estamos dispostos a queimar o nosso talento para que tudo continue como dantes.

Há os que nada fazem, nem nada deixam fazer; mas nós não somos dêsses.

Queremos trabalhar.

Sei bom que, dentro desta Câmara, pouco se poderá fazer, visto que somos apenas uns espectros que aqui estamos, dando ao País êste tristíssimo espectá-