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Sessão de 5 de Agosto de 1925 17

pelos princípios constitucionais e pela própria essência do regime parlamentar. E assim seria se estivesse em Belém um Presidente da República, e não o delegado duma facção.

Sendo esta a situação, só uma atitude digna resta ao Partido Nacionalista: cortar as suas relações com o candidato instalado em Belém, há dois anos, pelos votos do Partido Democrático. Não seremos cúmplices da comédia política que se vem desenrolando. Não acudiremos mais ao chamamento daquele cidadão, quando êle nos quiser ouvir sôbre novas crises ministeriais. Contente-se com o Partido Democrático, governe com o Partido Democrático, atenda as instruções do Directório da Travessa da Água de Flor, para as conciliar com a sua protecção a canhotos e accionistas!

Condenamo-nos, voluntariamente, ao ostracismo, emquanto em Belém estiver o mesmo cidadão. Apelaremos para o Pais. Faremos a nossa propaganda eleitoral sôbre a base da destituição do Sr. Presidente da República. Diremos ao eleitorado que cada voto que nas urnas entre em favor dum candidato nacionalista é um voto que pede a destituição do Presidente da República. Se formos vencidos, se o bizarro cidadão que se encontra em Belém ali continuar até ao termo do seu mandato, teremos, ao menos, sido a êste País um alto exemplo de dignidade política, de isenção e de nobreza.

Tenho dito.

O orador foi cumprimentado por todos os seus correligionários.

O Sr. Aires de Ornelas: - Sr. Presidente: tendo dito da sua justiça a oposição republicana, cabe a vez de o fazer à oposição monárquica, e fá-lo há, naturalmente, debaixo de um ponto de vista absolutamente diferente, visto que as questões que existem entre os políticos da República e o Chefe do Estado não interessa a nós oposição monárquica.

Como representante da causa monárquica e como leader da minoria monárquica, eu dirijo a V. Exa., nos termos da praxe, os meus cumprimentos ao Govêrno, sendo-me lícito distinguir o seu Presidente, a quem folgo em prestar homenagem do meu respeito, pela imparcialidade que soube manter na discussão, quando presidia aos trabalhos desta Câmara; o destaco ainda o meu antigo camarada do África, o Sr. general Vieira da Rocha, a quem incumbe uma difícil missão, porque os movimentos que se têm dado no exército são de molde a chamar a atenção de todos os políticos dignos dêsse nome.

Por mais de uma vez vários oficiais se têm manifestado a favor do um Govêrno Nacional para a resolução dos problemas que mais interessam o País. Êste critério merece muita atenção, como a própria discussão observa hoje nesta casa do Parlamento.

Sr. Presidente: estive agora três vezes no estrangeiro; estive na Itália, na Alemanha e na França, o parece-me que posso afirmar, som exagero, que poucas vezes tenho notado um tam cubiçoso interêsse pelo domínio colonial português-e se me sirvo da expressão cubiçoso interêsse, é porque tive a impressão de que êsse domínio não está garantido como devia estar. Não digo pela fôrça pública, mas por não estar subordinado àquelas normas de administração que hoje se pretendem estabelecer em todas as nações coloniais.

O Sr. Ministro das Colónias deve encontrar na sua Secretaria um relato do que se tem passado na conferência de Genebra. Nada sei senão pelo que se diz nos meios políticos e das informações dos jornais, que são de molde a fazer acreditar que a situação foi muito grave.

Creio que a habilidosa interferência e a dedicação e conhecimentos do Sr. Freire de Andrade poderiam ter vencido o que se oferecesse de mais grave; mas não creio que S. Exa.: tivesse mais do que afastado momentaneamente essa situação.

São estas cousas que eu recomendo ao Govêrno, porque são questões muito mais importantes do que as questões entre bonzos e canhotos. Apoiados.

O Sr. Ministro dos Estrangeiros também encontrará na sua Secretaria um assunto para o qual devo chamar a atenção de S. Exa.: a questão da pesca nas águas territoriais portuguesas.

É necessário que S. Exa. com muita brevidade elucide a Câmara sôbre o assunto.

Não quero deixar passar sem reparo as informações da imprensa atribuídas a um