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Sessão de 5 de Agosto de 1925 19

tido senão um voto de maioria nas eleições feitas. Entre nós não se dava o mesmo caso. A situação era diversa.

Querendo manter-se no Poder apenas com um voto de maioria nesta casa do Parlamento, o Sr. António Maria da Silva deu provas de pensar agora de maneira diversa da que pensava quando fez parte dum Govêrno, a que eu tive a honra de presidir.

Então êsse meu Govêrno obtivera nesta casa do Parlamento uma maioria de 12 votos. Num rápido Conselho de Ministros, realizado emquanto decorria a votação, foram consideradas as diversas hipóteses do resultado da votação, e, ao ser conhecido o resultado dela, foi o Sr. António Maria da Silva um dos primeiros a concordar com a opinião de que 12 votos não eram suficientes para o Govêrno caminhar. Foi assim que logo a seguir apresentei a demissão do Gabinete.

Agora, S. Exa. entendia que podia caminhar só com um voto de maioria. Caminhou em crise!

Sr. Presidente: em face dos princípios enunciados na declaração ministerial que, aliás, já tinham sido indicados por S. Exa., o Sr. Presidente do Ministério, em carta que teve a gentileza de me dirigir em resposta à que eu tivera a honra de lhe endereçar em nome do grupo parlamentar da Acção Republicana, e porque é S. Exa. quem define a política do Govêrno e lhe dá orientação, nós entendemos que podemos e devemos receber o Govêrno com expectativa benévola. E o que fazemos. Aguardamos os seus actos para depois os julgarmos.

O Sr. Presidente do Ministério afirma que manterá uma absoluta neutralidade eleitoral, por forma a que se façam umas eleições livres, respeitando-se os votos de todos.

É o que desejamos. Não pedimos nenhuma espécie de benevolência. Só queremos justiça. Tanto mais seguros estamos de que os nossos direitos serão respeitados, quando é certo que as promessas que nos foram feitas nesse sentido não são apenas de um Presidente do Ministério, são do antigo Presidente desta Câmara que, pela sua atitude correctíssima e pela sua absoluta imparcialidade, se tem tornado querido e respeitado por todos nós. Até os próprios adversários do regime têm por S. Exa. muita estima e respeito.

Seja-me permitido dizer agora ao Sr. Cunha Leal que S. Exa. está em confusão, declarando, que o Ministério a que presidiu o Sr. Álvaro de Castro era um Ministério democrático. Não o foi.

Nesse Ministério apenas havia três Ministros democráticos.

Foi sim um Ministério independente, em que também havia Ministros da Acção Republicana.

O Sr. Álvaro de Castro quando formou êsse Govêrno já não pertencia ao Partido Nacionalista; tinha-o já comunicado ao Sr. Presidente da República. A indicação do seu nome para presidir ao Govêrno foi dada ao Chefe do Estado por uma forte maioria desta Câmara. Assim é que está certo.

Sr. Presidente: embora as conveniências políticas não deixem que muita cousa se diga com aquela clareza que seria para desejar, nós sabemos que se pensou, se é que ainda nesta hora nisso se não pensa, em fazer desaparecer da scena política o Grupo de Acção Republicana.

Revoltarão-nos em absoluto contra essa forma de pensar.

Todos os grupos, grandes ou pequenos, têm direito de viver, devendo notar-se que êstes grupos não surgem ao acaso. Os grupos surgem, naturalmente, do meio das grandes massas partidárias, pelas dissidências que se dão.

E crível que no momento em que o Partido Democrático oferece ao País o exemplo de uma desagregação, seja êle que queira negar aos outros o direito de existência?

Êste princípio é absolutamente inaceitável.

Os grupos pequenos têm direito à vida, e hoje na política mundial o que predomina é exactamente êste fraccionamento.

Só dois ou três dos diferentes países da Europa conservam ainda o rotativismo, que em Portugal foi de tam triste memória no tempo da Monarquia.

O sistema actual gira em volta dos pequenos agrupamentos.

A pressa consegui reunir o num partidos de alguns países, que leio à Câmara:

Leu.

França, 8; Grécia, 5; Itália 12; Ingo-