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12 Diário da Câmara aos Deputados

política republicana, uma administração honesta e umas eleições livros.

O que é o Govêrno actual?

Um Govêrno do bonzos e independente, com o mesmo programa, presidido por um bonzo, o bonzo que, segando por á se afirma, era dos mais enérgicos combatentes duma política à poigme contra a chamada falange dos canhotos, que assim se designam, creio eu, por desejarem realizar uma política canhota, de movimentos torcidos e destrambelhados.

Mas - pregunto - sendo os dois Governos tam iguais, como duas cousas iguais o podem ser, será verdade que o Partido Republicano Português, depois de ter expelido do seu seio a praga dos "canhotos" esteja minado já pelos fermentos duma nova scisão? A tarântula da dissolução terá porventura provocado novas scisões? O Govêrno actual representará dentro dos "bonzos" uma corrente diferente daquela que tem no Sr. António Maria da Silva, o sou máximo pontífice? Eis o que importa estabelecer.

O Govêrno do Sr. Domingos Pereira teve a felicidade de herdar do Govêrno Anterior quatro dos seus membros mais respeitáveis. Acontece que ontem êsses quatro Ministros do Sr. António Mearia da Silva e do Sr. Domingos Pereira só reuniram D um hotel do Monte Estoril, em ágape fraternal, com os outros Ministros só do Sr. António Maria da Silva. Decorre a almoçata alegro e palreira. Depois da refeição, servida com um vinho branco que só diz constituir um dos não menos preciosos títulos de glória do ilustre Ministro do Trabalho do Govêrno anterior, os convivas fizeram o que todos os portugueses habitualmente fazem em circunstâncias idênticas: falaram, com a língua um tanto ou quanto desentaramelada. Nos copiosos brindes, de que os jornais deram notícia não menos copiosa, foi marcada a posição do actual Govêrno por forma tam expressiva, que nós já conhecíamos o programa do Sr. Domingos Pereira mesmo antes de S. Exa. proceder gravemente à leitura do simpático e delicioso papelinho que nos fez chegar às mãos a laia de declaração ministerial.

Vejamos o que foram êsses brindes segundo o relato do insuspeito Diário de Noticias. O que deles se depreende, quero acentuá-lo desde já, é que os Ministros do Sr. António Maria da Silva assumiram no Govêrno do Sr. Domingos Pereira a posição de sentinelas vigilantes do pontífice máximo dos "bonzos". Disse o Sr. Gaspar de Lemos:

"... que o Sr. António Maria da Silva nunca merecera tanto da República e do seu Partido como agora, afirmando que fora êsse político que vencera, sendo uma ilusão dizer-se que êle entra, e que se fazia parte do actual Ministério é porque tinha a certeza e garantias firmes de que êle havia de seguir a política que o anterior representava".

Quem seria o inconfidente que teria dito ao Sr. Gaspar do Lemos que o novo Govêrno ia seguir a política do Sr. António Maria da Silva? Como só vejo acima do S. Exa. em categoria política dentro do Ministério, o Sr. Domingos Pereira, cheio do Govêrno, tenho de concluir que o Sr. Gaspar de Lemos ouviu da boca do Sr. Domingos Pereira categóricas afirmações que lho permitiram fazer as declarações solenes do almoço do Monte Estoril, E tenho de concluir também que o chefe do Govêrno e a segunda encarnação do Sr. António Maria da Silva, à semelhança do que em tempo sucedia com o Sr. Álvaro de Castro, encarnado durante muitos meses nos vários Presidentes dos Ministérios que só seguiram ao seu Govêrno.

A seguir ao Sr. Gaspar de Lemos falou o Sr. Tôrres Garcia, que, também não tem papas na língua. Vale a pena recordar as suas afirmações:

"Com uma grande veemência corroborou as declarações do Sr. Gaspar de Lemos, de que a sua conservação no Poder era a prova mais decisiva de que o actual Govêrno há-de seguir a orientação e a directriz do que o antecedeu. Exortou vivamente o Sr. António Maria da Silva a que não interrompesse a sua actividade política. Considera esto político como o porta-estandarte do seu Partido. Se persistir em abandonar temporariamente o Parlamento conserve-se ao menos no Directório, onde o seu conselho é tam respeitado e necessário. Referindo-se depois aos chamados radicais do seu Partido disse que êles eram incapazes de realizar