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10 Diário da Câmara dos Deputados

que deve acima de tudo pôr os funcionários em condições de estarem livres de fáceis sugestões, que muitas vezes se manejam para fins ocultos.

Sr. Presidente: ao enumerar os Ministros do actual Gabinete, que já tinham passado pelas cadeiras do Poder, mas que não vieram do Ministério anterior, por lapso não me referi ao Sr. Ministro do Comércio, Mas S. Exa. sabe bem a alta consideração que por êle tenho, como velho parlamentar que é e como homem que tem já dado sobejas provas nas cadeiras da governação pública, que há-de continuar. Eu confio na dedicação e vastos conhecimentos do Sr. Nuno Simões para o desenvolvimento de uma pasta que é das mais importantes, sobretudo nesta ocasião, O preenchimento das pastas do Comércio, dos Estrangeiros e das Colónias deve ser combinado de modo a que os respectivos titulares possam concorrer para um fim: obter o desenvolvimento económico do País, o que está, a bem dizer, sem ser feito. E, Sr. Presidente, é não esperar dos actuais titulares dessas três pastas que, todos unidos, possam, mesmo somente adentro da esfera de acção do Poder Executivo, levar o País a melhores dias, olhando bem de frente o problema do desenvolvimento da riqueza pública, o que é indispensável para melhorar as condições de todos.

Sr. Presidente: vejo a declaração ministerial afastar se das normas geralmente seguidas de vir anunciar à Câmara a realização de muitos princípios, que em geral ficam sempre pelo caminho. Bem me parece que anda o Sr: Presidente do Ministério, numa ocasião destas, com as Câmaras prestes a findarem o seu mandato, e numa época que não é a mais própria para1 trabalhos desta natureza, em resumir tanto quanto possível a sua orientação e tem expor duma maneira clara qual o desideratum do Govêrno: pacificação em matéria política.

Sr. Presidente: O Ministério anterior, que saiu sem justificação alguma, que sara, não por qualquer questão administrativa que pudesse fundamentar uma divergência entre o Poder Legislativo e o Executivo, Ministério saído do Partido Republicano Português, obedecia ao propósito de não declarar guerra a ninguém, de que havia, portanto, de marchar para o acto eleitoral na intenção do empregar todos os esfôrços de maneira que a representação nacional fôsse escolhida livremente, de forma que cada um pudesse votar consoante as suas aspirações, e não em favor dêste ou daquele, deturpando assim a significação política do acto eleitoral, ou recorrendo a meios que tem sido, são e serão condenáveis.

Preside ao actual Govêrno um homem que, como Presidente desta Câmara, é respeitado por todos os lados dela pelas suas invulgares qualidades.

S. Exa. é uma garantia do que se há-de manter êsse princípio estabelecido pelo Partido Republicano Português, a que S. Exa. pertence, e do qual é um dos vultos mais importantes do seu directório, princípio êsse pelo qual vimos lutando de há muito, isto é, de que se façam umas eleições livres, garantindo a todos o votarem segundo a sua consciência.

Eu quis fazer propositadamente esta afirmação, que aliás é idêntica à que fiz quando aqui se apresentou O Govêrno anterior.

Pode o Govêrno contar com o apoio do Partido Republicano Português, apoio êste que não é incondicional, visto que não conheço apoios incondicionais; mas sim una apoio sincero e leal; um apoio de quem confia abertamente no procedimento dos homens que se encontram naquelas cadeiras, que hão-de empregar os seus maiores esfôrços para bem da Pátria e da República.

Tenho dito.

O discurso será publicado na integra, remato pelo orador, quando, nestes termos, restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

O Sr. Cunha Leal: - Sr. Presidente: Manda uma velha praxe parlamentar que os partidos, mesmo os que têm assomo nas bancadas da oposição, dirijam os seus cumprimentos aos homens públicos que vêm assumir as responsabilidades do Poder.

Gostosamente cumpro essa praxe, salientando desde já que no ataque político que vou dirigir, em nome do meu Partido, ao novo Govêrno, não vai a menor censura ou agravo para as individualidades que o constituem.

Não posso deixar de fazer uma referên-