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Sessão de 5 de Agosto de 1925 11

da especial ao nome do Sr. Domingos Pereira, um dos raros políticos da minha terra a quem devo atenções e finezas pessoais. Sinceramente lastimo vê-lo à frente dum Govêrno que tem todo o aspecto duma afronta ao Partido Nacionalista.

Também me ligam relações de amizade pessoal aos Srs. Ministros dos Negócios Estrangeiros, do Comércio e da Justiça.

Não posso esquecer que o Sr. Vasco Borges, e mais duma vez dentro desta Câmara, me tem afirmado corajosamente a, sua solidariedade em atitudes políticas que eu assumo com o exclusivo intuito de ver a República engrandecida e prestigiada.

Se me fôsse permitido nesta hora orientar as minhas palavras por sentimentos de carácter pessoal, eu. diria iodo o meu pesar por ver êsses homens comprometidos numa situação política que, longe de realçar os seus méritos, só poderá apoucá-los e deprimi-los, pelo artifício que representa, pela falta de ambiente para uma obra governativa inspirada no propósito de bom servir a Pátria e a República.

Vem de longe a afirmação de que a nacionalidade portuguesa atravessa uma hora grave.

Quando eu era rapaz, algumas vezes assisti, no tempo da Monarquia, a sessões desta Câmara.

Impedia-me o desejo de ouvir as palavras incisivas e brilhantes dos Deputados republicanos. Que diziam êles? Que a Pátria estava em perigo e que só a República a podia salvar.

Infelizmente, implantada a República há quinze anos, ainda não foi possível eliminar da vida portuguesa os erros políticos, económicos e sociais, que justificavam as apreensões dos ardentes propagandistas do credo republicano.

A hora continua a ser grave, e se é certo que a Pátria não morrerá, porque a sua imortalidade foi há muito conquistada pelo sangue e pelo heroísmo* dos nossos antepassados, e se é também certo que a República não pode ser culpada dos erros e dos crimes praticados por homens que dizem servi-la, eu quero afirmar, Sr. Presidente, a minha inteira e triste convicção de que nos esperam ainda, longas e amargas horas de luta fraticida para se dar combate decisivo aos erros graves, aos miseráveis artifícios que continuam a envenenar a sociedade portuguesa.

Antes de entrar na análise do desgraçado pensamento político que determinou a constituição do actual Govêrno, vou referir-me a umas estranhas palavras publicadas hoje no Diário de Noticias.

Diz êsse circunspecto órgão da imprensa, presumindo adivinhar a atitude dos nacionalistas perante o Govêrno:

"O seu leader, Sr. Cunha Leal, dirigirá o seu ataque não ao Govêrno, que parece não lhe interessar, mas ao Sr. Presidente da República, constando, no emtanto, que a Presidência da Câmara dos Deputados está disposta a intervir se êsse ataque se tornar mais vivo".

Tive a felicidade de ser discípulo de português do Sr. Presidente da Câmara, que me ensinou o que sabia, aprendendo eu depois o que pude aprender. Não deixarei de dizer uma única palavra das que penso proferir. Mas pode estar tranquilo o Sr. Presidente.

Se a sua anunciada intervenção é para corrigir excessos de linguagem que certas almas timoratas porventura receiam que eu cometa, S. Exa. não terá de intervir. Sei como hei-de dizer tudo aquilo que quero dizer.

Para definir nitidamente a posição do Partido Nacionalista em face do novo Govêrno, é indispensável analisar as suas características fundamentais, confrontando-as com as do Govêrno anterior.

O que era o Govêrno do Sr. António Maria da Silva?

O que é o Govêrno do Sr. Domingos Pereira?

O Govêrno do Sr. António Maria da Silva um um Govêrno de independentes e de empreguemos a palavra, porque ela passou à história-bonzos.

Entendo que vale a pena fixar esta pitoresca designação, tanto mais que surgem abalizadas opiniões concordes na explicação de que toda a nossa política não passa dum verdadeiro pagode chinês.

O Govêrno anterior era, pois, um Govêrno de bonzos e independentes, presidido por um bonzo.

Anunciava que procuraria fazer uma