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16 Diário doa Sessões do Senado

quando assaltaram e destruíram a Montanha, o Norte, a República, etc., etc. Por isso protesto agora contra o assalto a qualquer jornal seja êle qual for.

Se jornais há que estão fora da ordem, ao Govêrno cumpre chamá-los à orcem e mostrar-lhes o caminho que devem seguir.

Ao Govêrno cumpre reprimir êsses factos, e fazendo o apenas o faz no interêsse da República e da Pátria.

Eu, Sr. Presidente, sou republicano, alheio a quaisquer filiações partidárias, e como republicano independente que sou não compreendo, nem posso compreender, de maneira alguma, que se pratiquem certos actos desta natureza bem que as autoridades intervenham e os punam imediata e rigorosamente.

Repilo a violência, e a desordem conforme já disse, e dentro dêsse critério entendo que o Govêrno deverá ser cauteloso, enérgico, e seguir de perto todos os factos que se podem ligar com os destinos do país, de forma a evitar a desordem e o desassossego público que tanto vem prejudicando as Instituições Republicanas.

Defenda, pois, o Govêrno a pureza dos princípios republicanos e terá consigo toda a Nação.

Não necessita o Govêrno do meu voto, mas se necessitar dêle pode ter a certeza absoluta de que me encontrará inteiramente ao seu lado.

Muito tem o país a esperar de todos os membros que compõem o actual Govêrno o, muito especialmente, do Sr. Ministro da Guerra, que, neste momento, é o homem que mais apertadamente podiam escolher para uma obra republicana realizada com firmeza, ponderação e energia. É um oficial ilustrado e um homem de bem.

Sr. Presidente: eu tive ocasião de dizer, nesta Câmara, da minha justiça quando da organização das juntas militares do norte, e logo disse que a sua organização tinha um outro objectivo, qual era o da implantação da monarquia. Não me enganei, nem enganei o Senado, como não deixei de o informar com verdade quando referi as prisões dos republicanos.

Essas juntas militares não só saíram fora da ordem, da disciplina e dos seus deveres militares, como, repito, tiveram um outro objectivo criminoso, qual era o de restaurar a monarquia em Portugal. (Apoiados).

Por isso os dirigentes dêsses movimentos têm de responder pelos seus actos e essa responsabilidade deve ir até aos seus haveres pessoais. Fizeram-se despesas avultadas com essas juntas. Devem pagar essas despesas os seus responsáveis organizadores, e quando a fortuna pessoal dos dirigentes não chegue, a Casa de Bragança que responda até onde chegar, visto que não enjeitou as responsabilidades nos últimos acontecimentos.

Sr. Presidente: nós não podemos viver num meio de desordem, num meio de indisciplina permanente; isto tem de acabar, o estou certo de que acaba com medidas rigorosas.

O País quer trabalhar, quere sossego.

Traga o Govêrno ao Parlamento uma proposta de lei nesse sentido se dela precisa e estou certo de que ela será imediatamente aprovada.

Caminhe o Govêrno no sentido de manter a ordem e a disciplina e terá cumprido o seu dever.

Tenho dito.

O orador mio reviu.

O Sr. Júlio Dantas: — Sr. Presidente: duas palavras apenas. Ouvi com o maior agrado a declaração ministerial. O meu mandato não é de natureza política. Não devo a minha cadeira de Senador nem ao favor do Govêrno, nem à fôrça eleitoral dos políticos. Estou aqui porque os artistas portugueses delegaram em mim a honra de os representar no Parlamento. Mas sou republicano, e quero afirmar a V. Exa. e à Câmara, o meu sincero júbilo por ver o Poder entregue a um Govêrno de liais e honrados republicanos. Alêm disso, como representante dos artistas portugueses, não posso deixar de orgulhar-me pelo fado de se encontrar à frente do Ministério um verdadeiro artista, espírito de excepcional cultura e de rara sensibilidade estética, que transformou num museu a sua bela casa dos Patudos, e que consagra ao culto da arte em geral, e, sobretudo, ao culto da arte portuguesa, os momentos nobres do seu nobre labor. A presença de S. Exa. no Govêrno, é para todos nós segura garantia de que, uma vez restabelecida a ordem