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6 Diário das Sessões do Senado

pelo contrário, um plano que as teria em absoluto evitado.

O que se passou no norte do país, Sr. Presidente, soube-o quando da apresentação do Ministério, e eu nada diria sôbre a minha, acção política se não fôsse posta aqui em jôgo e não se fizesse a insídia duma minha fantástica intervenção em política monárquica, que eu nada fiz para praticar. Creia a Câmara que nos factos que neste momento lançam o país numa desgraçada guerra civil nenhuma interferência tive, próxima ou longínqua, e torpe e é uma insídia vil o dizer-se que eu trabalhei, eu trabalho, ou tenho ligação com o movimento monárquico do norte. Lastime que êsse movimento se desse, que é desgraçado, mesmo debaixo do ponto de vista monárquico, e o que a num país importa, debaixo do ponto de vista nacional, como desgraçado o será tambêm debaixo do ponto de vista conservador. E, som ser conservadora, a República tambêm tam pouco viverá; isso, porêm, para mim seria o menos, mas o peior é porque tambêm o não seguir-se uma orientação conservadora atingiria o país na sua estrutura e vitalidade. É isso que me aflige, menos pelo presente que pelo futuro.

Sr. Presidente: há muitos factos que me desgostam neste momento, como português, e que me entristecem, como insignificante cidadão dêste país. Tenho momentos de desânimo, tenho monentos em que o meu desejo é ir para um sítio era que viva uma vida tranquila, que aqui se não vive. Está-se num desassossêgo permanente. Ignora-se o dia de amanhã.

Quem tem responsabilidades administrativas, como eu, vê diante de si dias cheios de hesitação e de perigos para todos, desde os que têm muito ou pouco que perder até aqueles que só vivem do trabalho de cada dia.

Mas, Sr. Presidente, não é por estes processos que se me faz arredar pé nem largar o meu posto. Não Isso é não conhecer a minha natureza combativa. Actos corço aquele que acaba do se praticar na Câmara, são daqueles que em vez de me aproximar duma reforma a que a minha idade e o passado de actividade que tenho tido me dariam direito me chamam à actividade.

Já o Senado vê como eu poderia ter Ligações com o movimento do Pôrto, se o
condeno e o lamento e se tive uma acção política que a frutificar o teria evitado.

Tenho pena, sim, de não ter ligações com o Pôrto como tenho em virtude de lá ter haveres meus e dos meus administrados e não poder orientar os meus empregados ali na sua administração no período de crise que ali se tem atravessado.

Devo acrescentar a isto que o isolamento em que está o norte de Portugal chega-me a surpreender, porque parece que essa^ parte do país já não è portuguesa. Êsse isolamento, Sr. Presidente, faz sofrer muita gente e prejudica muita outra que nada tem com a aventura monárquica.

Sôbre a tal telegrafia sem fios, digo com franqueza, que eu o que tenho pena é que uma pessoa que deve ser inteligente e ilustrada, que deve compreender as responsabilidades da sua situação no Senado, venha fazer-se eco de boatos, de cousas vagas e absurdas como o de ligações por telegrafia sem fios com monárquicos, sem pensar que isso poderia prejudicar, um colega na Câmura. Porque a verdade, Sr. Presidente, é que o Sr. Carvalho de Almeida chamou a si o papel de denunciante e de delator... dum colega, sem razão, sem fundamento, só para denunciar, acusar...

Que tristeza!... que tristeza!...

O Sr. Carvalho de Almeida (interrompendo): — Eu o que fiz, não foi por espírito do delação; fi-lo por espírito de patriotismo. V. Exa. julgará todavia, como quiser, que eu assim o julgarei para mim.

O Orador: — Bem... O Sr. Carvalho de Almeida fez acusações por patriotismo, mas fez-se tambêm eco daquilo que ouviu, o que é inteiramente inadmissível, se não tinha a convicção do que veio aqui afirmar ou insinuar.

Depois, Sr. Presidente, foram lidos os tais depoimentos, dos quais, eu creia-o V. Exa. e creio-o a Câmara não pude ouvir todos os nomes.

O primeiro pareceu-me que era dum Henriques da Silva... ex-empregado da Companhia União Fabril, ao que pareceu e dela foi despedido.

O Sr. Carvalho de Almeida (interrompendo): — Sim senhor.