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de 6 de Fevereifo de Í919

O Orador:— Foi êsse depoente meu empregado. Funcionário era êle tam importante, que me não lembra sequer, ao ouvir o áeu nome, do lugar que ocupou.

Mas antes de entrar na especialidade •da "matéria referente ao tal Silva, vou dizer algumas palavras relativas ás minhas relações com o Sr. Martirn Weinstehr •donde proveta a acusação basilar do meu. pretenso germanofilismo.

Conheci aqueíe senhor numa assemblea geral da Companhia Aliança Fabril, pequena companhia que foi a base para criar o que se chama hoje a grande União Fabril. O Sr. Weftistein representava 'um •então grande accionista da Aliança Fabril o Sr. Motti o uma comunhão de interêsses fez-nos trabalhar juntos.

Assim, conheci aquele senhor e o conhe-

cimento que adquiri nas relações que com

.ele tive das. suas qualidades e carácter

ligou-me a êle por relações de amizade.

Não há nisto crime, nem me envergonho de o referir. Portugal não estava em guerra com a Alemanha. Bem depois dêstes factos procurava até Portugal desenvolver as relações com a Alemanha, criando uma companhia em Angola no género das companhias inglesas da costa oriental •em que entraram capitais portugueses e alêmães.

Isto é um facto;

Organizou-se -uma missão de estudo às nossas possessões da África Ocidental composta de técnicos alêmães e portugueses. Tratava-se do caminho de ferro do Humbe, se bem me recordo, e doutros empreendimentos ligados ao mesmo.

Ao mesmo tempo promovia-se a- formação da Companhia já referida e era eu convidado pelo Sr. Weinstein para ser o presidente dessa empresa que seria poderosa e lucrativa.

(jSabem V. Exas. qual foi a minha resposta?

Negativa em absoluto. Tambêm' posso dar testemunha disto.

A minha resposta foi: essa Companhia é, na minha opinião, contrária aos interêsses portugueses, nunca devia portanto ser consentida. Essa companhia teria*sido um desastre pára a nossa África1.

. E neguei-me a qualquer colaboração -— contrariando-a mesmo no que pude.

Instou-se comigo, fizeram se-me solicitações; porêm a mim, convencido como estava de ser prejudicial a companhia às nossas colónias, ninguêm me moveu na minha resolução.

Em Sintra o Ministro da Alêmanha veio pessoalmente convidar-me para êsse cargo porque visto ecr fazer guerra a essa companhia, porque, rialmente lhe declarava guerra aberta, por a considerar prejudicial aos interêsses da soberania portuguesa, o Govêrno alêmão queria entregando se me a presidência que eu pudesse verificar que a minha atitude era injustificada e que na presidência da companhia tinha situação para evitai actos prejudiciais aos interêsses portugueses.

Fique a Câmara sabendo, e pela minha honra juro que digo a verdade. Nada houve que me movesse; e desde então o Sr. Eosen ficou fazendo uma tal apreciação do meu carácter que me levou a rejeitar o que tanta gente lhe solicitava quando se declarava a guerra e, antes de partir, veio a minha casa despedir-se de mim e disse-me que antes de partir devia à minha integridade de carácter todas as homenagens, não tendo encontrado, em toda a sua carreira, quem lhe tivesse revelado têmpera superior ou, porventura, igual em questões de honra, carácter e patriotismo.

É certo que eu fui à estação do caminho de ferro entregar um ramo de flores à esposa do Sr. Eosen.

£ Que admira isso, se essa senhora era a mulher dum indivíduo com o qual eu mantinha amigáveis relações e que fora pessoalmente despedir-se de mim?

Pois eu vi dias depois, tendo de ir a Madrid, o embaixador de Inglaterra naquela corte Mr. Harding entregar um ramo de flores à esposa do Sr. Rosen, e. não me consta que a Inglaterra tivesse censurado o seu representante por ofere-1 cer flores à esposa do ex-Ministro dum país inimigo.

Eu não cometi um acto condenável; cometi uín acto de cortesia. Assim ô entendo em minha coflsciência.

Vou passar à questão dos capitais alêmães na Companhia União Fabril.

O Sr. Martin Weinestein, que muito auxiliou a União* Fabril, tinha capitais