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Sessão de 12 de Fevereiro de 1919 15

dos caminhos de ferro do Estado a traçar no país o, de entre êsses, há dois na província da Beira Alta, que, quanto a mim, se devem considerar de capital importância. Refiro-me aos caminhos de ferro de Santa Comba Dão a Bragança, por Viseu, Foz Tua e Mirandela, e ao da Régua a Vila Franca das Naves, por Lamego.

O caminho de ferro de Santa Comba Dão a Bragança foi começado a construir em 1884, sendo autorizado o troço de Foz Tua a Mirandela por carta de lei de 26 de Maio de 1884, o troço de Santa Comba Dão a Viseu por carta de lei de 30 de Junho de 1885 e o de Mirandela a Bragança por carta de lei de 24 de Maio do 1902.

Se pegarmos num mapa de Portugal onde estejam traçados os caminhos de ferro construídos até hoje, depara-se-nos uma enorme clareira na província da Beira Alta.

O distrito de Viseu tem vinte e quatro concelhos. Dêstes, pouco mais ou menos, um têrço é servido por caminhos de ferro. Os dois terços restantes não têm comunicações por vias férreas, dando-se o caso de quem queira vir de qualquer dos concelhos do norte, como, por exemplo, Pesqueira, Penedono, Taboaço, Arma-mar, para só falar dêstes, à sede do distrito, ter de tomar o comboio em qualquer estação da linha do Douro para, vindo pelo Pôrto e Pampilhosa, entrar pelo sul do distrito, concelhos de Mortágua e Santa Comba Dão, para chegar a Viseu. Não falando no Valo do Vouga, há pouco construído, que pouco aproveita para êste fim.

De modo que não indo a pé ou a cavalo, ou de carro em alguns pontos, é-se forçado a dar uma volta enorme e a gastar muito dinheiro e tempo com tara incómoda como demorada viagem.

Portanto, a construção do troço que vai de Viseu a Foz Tua impõe-se por maneira extraordinária, como uma necessidade urgente.

Podo dizer-se que a ocasião não é azada para tratar de construções de caminhos de ferro, visto que o material está caríssimo, assim como os salários. Mas é preciso que os Govêrnos estejam preparados para, na ocasião própria, que não deve demorar, só tratar de tam importante assunto.

A luta económica que vai travar-se será formidável. E ai daqueles que se deixarem adormecer e não procurarem activa e energicamente preparar-se para ela.

Tenho a honra de mandar para a Mesa dois projectos de lei: o primeiro que respeita à construção do troço de Viseu a Foz Tua, a que me venho referindo, e que tem uma grande importância estratégica, alêm das vantagens de ordem económica, que são muito e muito grandes.

Agora mesmo, com essa desgraçada e criminosa revolta do norte, se estão vendo as enormissimas vantagens que adviriam se essa linha estivesse construída. Com facilidade e rapidamente se levariam tropas e material de guerra ao norte da Beira Alta e a Trás-os-Montes, por ventura o campo mais importante de operações.

E se a sua necessidade é grande o a sua falta verdadeiramente sensível numa simples e bem desastrada guerra interna, o que não seria se se tratasse do dar combate e opor um dique a uma invasão estranha?!

A conclusão da linha de Santa Comba Dão a Bragança, na parte por construir ainda, importe-se por todos os motivos.

Neste meu projecto dou o direito de opção à Companhia Nacional dos Caminhos de Ferro Portugueses para construir o troço que falta, porque, como tambêm o sustenta o Sr. Conde de Paço Vieira, no seu excelente livro Caminhos de ferro portugueses, a essa companhia, mais do que a ninguêm, pertence fazê-lo. E até dêsse facto só pode vir proveito para o Estado, porquanto a exploração e administração de toda a linha será muito mais barata, e, portanto, o encargo para o Govêrno que paga subvenção de juro diminuirá considerávelmente.

Há uma outra linha importante, muitíssimo importante mesmo, que é a que vai de Régua a Vila Franca das Naves por Lamego.

Impõe-se desde já, ou o mais rapidamente possível, pelo menos, a sua construção na parte que vai da Régua até a intersecção com a linha de Viseu a Foz Tua, a que me venho referindo o que deve ser entre Moimenta da Beira e Sernancelhe.

Lamego é uma das cidades que querem