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Sessão de 12 de Fevereiro de 1919 9

O Sr. Severiano José da Silva: — Tinha pedido a palavra para quando estivesse presente algum dós Srs. Ministros e por felicidade minha acaba de entrar o Sr. Ministro dos Abastecimentos, por cuja pasta corre o assunto para que vou-chamar a atenção de S. Exa. e do Senado.

Na sexta feira, sábado e domingo, foi visitar o nosso front, na região de Aveiro; fui até a Albergaria-a-Velha, e notei que as nossas tropas se encontram em bela disposição para o combate e ao mesmo tempo reconheci ser boa a, disposição das populações percorridas por todo o trajecto daquele front.

Mas, interrogando um pouca mais, prescrutando as populações, ouvi dizer que, se estão satisfeitas com a tropa, não estão todavia satisfeitas com relação à alimentação.

Diziam — e esta era, a frase que eu desejava que o Senado ouvisse — «Sim se-nhor, o regime republicano e os republicanos, são muito bons, tratam-nos admiravelmente, mas a vida está impossível».

«Está impossível — diziam — depois que veiu a República».

Como republicano que sou; desde que tenho a razão de mi m mesmo, procurei demonstrar-lhes que a carestia da vida era causada por efeitos da guerra europeia; mas êles retorquiam-me que mesmo já antes da guerra tudo havia encarecido.

Tinham até certo ponto alguma razão.

Como o Sr. Ministro sabe, para obterem um pouco de milho era preciso pagá-lo por 5$ cada 15 quilogramas; para obterem arroz, perto de 1$ cada quilograma e para obterem açúcar ora preciso pagá-lo a 1$80 e 2$ cada quilograma, êste açúcar que aqui se comprava a $60, pouco mais ou menos.

Eu tinha: pedido para na segunda feira usar da palavra, e tinha-a pedido porque sabendo que um dos membros do Gabinete tinha percorrido a mesma região, supus que se tivesse preocupado com o assunto; mas, vendo que nenhuma providência se tinha tomado, resolvi tratá-lo nesta Câmara, pedindo a presença de V. Exa.

Não tive a sorte de me ser dada a palavra na ocasião em que a tinha pedido, mas não descurei o assunto e fui procurar dois membros do Govêrno a quem relatei estas impressões e êstes factos.

Há pouco, já aqui dentro, depois de pedir a palavra, vi num jornal que algumas providências se tinham to ora d o nesse sentido com relação a açúcar e milho.

Pelo seu passado e pela sua acção na actual conjuntura, tem o Sr. Ministro demonstrado querer dar h República aquilo que ela merece, promovendo tudo quanto em suas fôrças caiba para fazer provar com factos que o Estado pm que vivem as populações do país é melhor do que no tempo da monarquia.

Eu, como digo, procurei os dois membros do Govêrno, para que fossem dadas providências que creio já foram dadas, procurando com isso tirar essa nota que nos povos que vão sendo conquistados existe, de que a vida republicana é mais cara- que a vida no tempo da monarquia.

Desejo, tambêm, Sr. Ministro, repetir não a V. Exa., mas aqui no Senado, porque já o tinha dito ao Ministro antecessor de V. Exa., as impressões que tenho sôbre os serviços do caminho de ferro.

Já tive ocasião de falar aqui no Senado sôbre o péssimo serviços dos caminhos de ferro, principalmente no que respeita a comboios de passageiros.

Êste serviço pode ser mais bem feito do que realmente se está fazendo.

Como V. Exa. sabe, Sr. Ministro, os comboios têm as suas tabelas, as quais são feitas pelos engenheiros da companhia e aprovados depois pelo Govêrno.

As tabelas feitas pela companhia são elaboradas à face dos materiais que tem e das facilidades de que dispõem.

O Govêrno aprova-as, mas aprove para fazer cumprir os regulamentos.

Se porventura se tratasse duma falta hoje, outra passados dias, ainda vá, mas todos os dias a chegarem os comboios atrasados com grave prejuízo dos passageiros e da vida comercial e industrial, isso é que não pode ser.

Há no regulamento de 1868 penas que sendo devidamente aplicadas deveriam levar à regularização do serviço dos comboios.

E eu desejava saber de V. Exa. se os fiscais do Govêrno junto da Companhia tem participado essas faltas de cumprimento dos regulamentos e aplicado as multas que o mesmo estabelece.