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Sessão de 17 de Fevereiro de 1919 17

muito bem que êsse problema foi discutido largamente por pessoas de grande autoridade, que se estabeleceu um debate interessante, e que a êsse respeito as opiniões foram diferentes sôbre a extracção maior ou menor.

Toda a extracção superior a 85 por cento deve baixar a 75 por cento e 80 por cento, e devo declarar a V. Exa. que, para obter a melhoria do pão, não basta isso, é necessário fazer-se como lá fora, estabelecendo-se fornos apropriados que não existem ainda em Lisboa.

Tenho ouvido algumas pessoas, alguns industriais sôbre êste ponto, que reputo de alta importância.

Estou disposto a estudar o problema que tanto interessa à economia do país, sobretudo às classes pobres.

Sr. Presidente: no estudo dêste assunto encontram-se cousas muito interessantes. Como V. Exa. sabe, em Paris (1910), mandou-se fazer por peritos a análise do processo descoberto por um químico notável de branquear o pão. O processo era por meio de electricidade.

Estudado profundamente êsse processo, os peritos chegaram à conclusão de que em cousa alguma ficavam alteradas as qualidades do pão.

Ora muito convinha, Sr. Presidente, que em Portugal se fizessem estas experiências.

O Sr. Adães Bermudes: — Não é esta a questão; a resolução está em saber quais as suas propriedades alimentícias.

O Orador: — Eu digo a S. Exa.: Em Portugal não se tem tratado desta questão do fabrico do pão, não me refiro já só à questão dos fornos, mas até o processo manual, que tem de variar conforme a qualidade de farinha e as suas percentagens. Tudo isto tem de ser objecto de ensaios de laboratório. De contrário, é estragar toda a matéria prima.

Chamo para êste ponto a atenção de S. Exa. para o alvitre apresentado pelo Sr. Paula Nogueira, porque não só torna necessário fazer fornos pelos processos modernos, como tambêm mandar vir operários para ensinar o novo sistema de fabricação de pão.

O Sr. Machado Santos: — Há mais de um ano que eu lembrei que isso se fizesse.

O Orador: — Nós o que estamos é num grande atraso no que diz respeito à fabricação de pão.

Estas experiências eram muito convenientes desde que fossem auxiliadas pelos processos modernos e estou certo de que deveriam dar bons resultados.

Não vejo inconveniente em fabricar pão de diversos tipos.

Fez-se já, efectivamente, o ensaio de dois tipos de pão. Mas não deu resultado. Bem sei eu que as circunstâncias eram diversas. As circunstâncias, porêm, do mercado mundial, vão modificando-se e nós podemos começar, desde já, a fazer a experiência.

Insisto em declarar a V. Exas. que estou convencido de que posso modificar o actual estado de cousas com uma fiscalização eficaz. Mas, no dia em que me convencer do contrário, desistirei dos meus propósitos.

São criados os dois tipos de pão a títulos de experiência.

Sabe o Sr. Paula Nogueira que a percentagem de água e de humidade no pão não é uma cousa indiferente. Sôbre êste caso tem havido até debates interessantes.

Digo isto, porque me pareceu que S. Exa. se referia indiferentemente...

O Sr. Paula Nogueira (interrompendo): — O pão normal tem 33 por cento de água e 77 doutras matérias.

Todos sabem que para se fabricar pão é preciso que a farinha tenha uma certa humidade.

Sôbre êste assunto há um trabalho interessante de Gauthier.

O Orador: — Está bem. Recebo com agrado as explicações de V. Exa.

Passando agora a outro assunto, devo dizer à Câmara que já começaram a desmobilizar-se os caça-minas e muito breve se recomeçará a pesca. Já combinei com o Sr. Ministro da Marinha a forma de se fazer tambêm o regulamento da pesca.

Já assentámos em bases para que êsse regulamento se estabeleça. Logo que S. Exa. regresse do Pôrto, concluir-se hão os trabalhos necessários para que os caça-minas voltem ao seu anterior serviço e o deficit de peixe deverá, por conseguinte, desaparecer em Lisboa.