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Sessão de 17 de Fevereiro de 1919 13

aproveitamento das águas para a produção de energia eléctrica. Devo advertir, Sr. Presidente, e peço para que isto fique registado na acta para os devidos efeitos, que estou convencido de que a demora na remessa dêsses documentos não é intencional, e não se destina a dar tempo a que se realizem certos factos que podem trazer os mais graves prejuízos ao Estado e aos municípios, porque, se tal se viesse a verificar, teria de reclamar para êsses factos as sanções necessárias.

Admito que essa demora provenha apenas do excesso de serviço das repartições competentes, mas peço, em todo o caso, a V. Exa. que ao insistir pela remessa dêsses documentos se digne de fazer sentir àquelas estações que os trabalhos do Senado são tambêm serviços de interêsse nacional, que não podem ser protelados.

Tenho dito.

O Sr. Paula Nogueira: — Sr.Presidente: É a primeira vez que tenho a honra de falar nesta casa e, por isso, gratamente cumpro o dever de saudar V. Exa. e o Senado, pedindo a todos a benevolência da sua atenção.

Sr. Presidente: Pedi a palavra, porque na vária discussão aqui travada a respeito da proposta de lei trazida ao Senado pelo Sr. Ministro dos Abastecimentos ainda não vi tratar a questão sob a sua feição higiénica, e esta me parece indispensável não perder de vista.

Presto inteira justiça às intenções do Sr. Ministro dos Abastecimentos. S. Exa. declarou que as suas aspirações eram favorecer as classes menos abastadas, principalmente no que diz respeito ao pão, assunto de que em especial me desejo ocupar.

Reconheço nas palavras por S. Exa. proferidas a nobreza das suas intenções e, por isso, não regatearei o meu voto à proposta que se discute.

A questão da higiene, no assunto de que se trata, tem de ser minuciosamente atendida, não só pelo Sr. Ministro dos Abastecimentos, mas tambêm por aqueles de quem S. Exa. confia a execução da futura lei.

Eis porque pedi a palavra e por que vou chamar a atenção do Sr. Ministro para os seguintes pontos.

S. Exa. pretende estabelecer na sua proposta dois tipos de pão.

Ora nós já temos essa experiência feita há tempos, e foi aqui dita a razão porque ela redundou em desproveito do público.

Mandou o Sr. Ministro instituir nova experiência; mas os resultados prevêem--se desde já desfavoráveis, perante o que nos últimos dias se tem observado com o começo da execução dessa medida.

O Sr. Ministro dos Abastecimentos (João Pinheiro), (interrompendo): — Pelo contrário ... É já mais favorável a alimentação do pão, porque se tem fabricado em muito maior quantidade.

O Orador: — Tem V. Exa. razão, mas só sob o ponto de vista da quantidade e não da qualidade, que é o que mais me interessa, tendo em atenção a saúde do consumidor.

Dizia eu pois, Sr. Presidente, que a experiência já de há muito feita resultara desfavorável para o fim que S. Exa. tem em vista e a experiência há dias renovada veio provar que o pensamento do Sr. Ministro foi alterado pelos que lhe deram execução, porquanto o pão do segundo tipo agora instituído tem vindo a apresentar-se cada vez pior.

Tenho acompanhado essa experiência, tenho indagado e verificado nalgumas padarias e no consumo da minha casa, que dia a dia se vai adulterando êsse tipo de pão, aliás recomendável de começo.

Hoje, por exemplo, êsse pão tem a cor escura, com aspecto furfuráceo, devido à quantidade de sêmea que abusivamente encerra, e mostra-se mal fermentado, de consistência compacta, sem aréolas, húmido e pegajoso, numa palavra: de muito pior qualidade do que no princípio.

Ora, dando esta curta experiência tam tristes resultados, que poderemos esperar, quando a proposta fôr transformada em lei?

É necessário que o Sr. Ministro olhe atentamente para esta questão, pois ela tem uma influência enorme sôbre a saúde do consumidor e sôbre a psicologia da população, como há dias muito bem disse o Sr. Carneiro de Moura, ao afirmar que as revoluções se filiam sempre na falta ou na ruindade do pão.

E, pois, necessário que essa falta ou essa ruindade se não faça sentir com tan-