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6 Diário das Sessões do Senado

faça cem que essas comissões dêem os; seus pareceres a fim de serem devidamente apreciados.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente: — Pede V. Exa. s estar certo de que não deixarei de transmitir às comissões as considerações que V. Exa. acaba de fazer.

O Sr. José Júlio César: — Sr. Presidente: sinto bastante que não esteja presente o Sr. Ministro dos Abastecimentos, pois desejava fazer algumas considerações na presença de S. Exa.

Como não se encontra presente, nem qualquer outro membro do Ministério, que vem primando pela sua ausência nesta casa, peço para, por intermédio de V. Exa. transmitir, a quem de direito, as considerações que vou fazer.

Em primeiro lugar desejo referir-me ao mau serviço de transportes por parte dos caminhos de ferro, hoje agravado, em grande parte, devido aos desgraçados acontecimentos do norte pois terras há onde existe verdadeira fome, devido à falta enorme de transportes, como por exemplo na Beira Alta e Viseu, tornando-se, portanto, absolutamente necessário pôr cobro a êste grave estado de cousas.

For Viseu têm passado nos últimos dias milhares de soldados, e se a situação com respeito a géneros de primeira necessidade já não era boa antes disso, muito se agravou agora com as requisições de milho e outros géneros feitas pelo quartel general.

Alêm disto, é absolutamente necessário pôr cobro aos constantes furtos que se dão nas remessas que se despacham pelo caminho de ferro, sendo constantes as reclamações por faltas havidas.

Eu cevo dizer à Câmara que desce Setembro a Dezembro já me vi obrigado a fazer, como director do celeiro de Viseu, cinco reclamações aos caminhos de ferro por faldas havidas.

Ora veja V. Exa.:

Numa remessa de um vagão com açúcar, faltaram nada menos de quinze sacos; numa outra dum vagão com arroz, e numa outra de açúcar faltaram duas sacas; numa remessa de grão de bico, duas sacas. E tudo isto não contando com as muitas sacas que chegam arrombadas, e com faltas que vão de cinco a dez, quinze, trinta quilogramas, e mais.

Isto é absolutamente impossível. É necessário pôr cobro a tam lastimável situação.

O Sr. Machado Santos (interrompendo): — Eu cevo dizer a V. Exa. que todos êsses inconvenientes se poderiam ter remediado se se tivesse adoptado o regulamento ferroviário que eu tive ocasião de fazer quando tive a honra de gerir a pasta das Subsistências e Transportes.

O Orador: — Foi realmente pena que tal se não tivesse feito para evitar êstes casos que são verdadeiramente criminosos e altamente prejudiciais.

As? faltas e as reclamações são constantes e não há forma de se resolverem breve. Andamos do repartição para repartição, de direcção para direcção, sobretudo em casos que correm por duas ou três linhas, e em que somos forçados a andar de companhia para companhia, desculpando-se umas com as outras, dizendo a primeira que a responsabilidade é da segunda, esta que é da terceira, etc., sem que se obtenha uma resposta.

Há meses que se caminha para a Direcção dos Caminhos de Ferro para ordenarem o pagamento de determinadas quantias ou restituírem as mercadorias que no caminho de ferro desapareceram, e até agora nem dinheiro nem as mercadorias.

Eu devo dizer que tenho o maior respeito pela classe ferroviária, que na sua maioria ou quási totalidade é composta de gente honrada, mas, se há algumas excepções, essa meia dúzia ou dúzias de indivíduos que sejam castigados; é preciso que se proceda a averiguações rigorosas, porque não pode uma classe inteira estar sujeita à responsabilidade e a arcar com acusações que só a uma mínima parte pertencem.

Portanto é indispensável que o Govêrno tem em consideração êste assunto.

O que se tem dado nos caminhos de ferre, dá-se tambêm no pôrto de Lisboa, onde se tem sucedido os roubos e importantes, conforme tenho visto nos jornais, sem que a polícia, a guarda fiscal ou qualquer outra autoridade lhe ponha cobro.