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Sessão de 13 de Janeiro de 1921

artigos 1.° e 2.°

Essa redacção é a seguinte:

Artigo 1.° É alterado, de 18 para 19, o número de sócios da Sociedade do Teatro Nacional a que se refere o decreto n.° 5:787-C, de 10 de Maio de 1919.

Art. 2.° Poderá ser nomeado sócio da mosma Sociedade, independentemente do concurso determinado no artigo 12.° do dito decreto, o artista dramático português sobro o qual recaiam circunstâncias especiais que justifiquem a sua nomeação, não podendo, todavia, esta ser feita senão sob proposta do comissário do Governo e depois de ouvidos o administrador e a assemblea geral do sócios.

Sala das Sessões do Senado, em 16 do Novembro de 1920.— Herculano Jorge Galhardo (com declarações)—-Rodrigo Castro — Ernesto J alio Navarro — Celestino de Almeida—Artur Octávio do Rego Chagas—Constando de Oliveira, relator.

O Sr. Júlio Ribeiro::—Sim, Sr. Presidente, durante o longo período da Grande Guerra, por notícias - repetida s chegadas até nós, soubemos que a Mulher de todas as nações em luta continuando a elevar-se pelo sentimento —quantas vezes superior ao raciocínio—praticou actos de valor, abnegação, piedade -e ternura, que mais lhe dão direito à nossa consagração e ao nosso amor.

Em Portugal, a Mulher, conservando as-suas nobilíssimas tradições, eviden^iou--se, como sempre, no dizer dum alto espírito da nolssa terra —meiga, afectuosa e sofredora, arte viva pela harmonia da formosura, pela melodia da voz e pela doçura do trato... rosário, flor, sol e luar, breviário o epopeia, bola, resignada e casta— sim, a mulher portuguesa, agora, nos paramos da Grande Guerra, tendo palavras de consolação e actos dó carinho para os feridos o mutilados, mais uma vez foi esteio de fé e lábaro de triunfos.

E porque duma mulher ilustre se trata neste projecto, eu quero, em breves palavras, jus'tificá-lo, embora as ilustres comissões de instrucção e finanças lhe tenham dado a sua plena aprovação.

Sr. Presidente: Quando da estada dós reis da Bélgica em Lisboa, entre os dife-

rentes artigos de homenagem ao rei soldado e herói, destacou-so um da ilustre escritora, consagrada artista e poliglota, Mercedes Blasco, onde, depois de, por assim dizer, nos fotografar a figura moral de Alberto I e do seu povo e de nos dizer quo os alemães usam no cinturão a -legenda —Gott mit uns (Deus é comnos-co), termina com esta expressiva afirmação:— se os bárbaros ganhassem... eu nunca mais rezaria.

Todavia, se depois do muito que deu ao seu país em arte, benemerência e patriotismo, sondo com certeza, de todas as mulheres portuguesas a que durante a guerra mais demonstrou, com actos, espírito de sacrifício, o país lhe recusasse um pedaço de pão em troca do trabalho que implora, ela, que deixaria de rezar se os alemães triunfassem, não deixaria de rezar pelo seu querido Portugal que adora en-ternecidamonte com todo o entusiasmo e orgulho dum espírito tumultuante de mulher meridional.

Apenas aos seus lábios não tornariam a aflorar sorrisos de alegria, essa alegria comunicativa que deixou aos pedaços, comi a "sua mocidade, por esse mundo fora, sempre envoltos nos acordes dolentes do fado que, cantado por ela com o pensamento a fugir para a Pátria, era em muita parte tomado pelo hino sublime dos portugueses.

Mas não, Sr. Presidente, não faço à Câmara a ofensa de a julgar capaz de negar à ilustre escritora, artista e patriota a compensação concedida neste projecto de lei.

Seria uma cruel injustiça. (Apoiados}.

Tanto mais quo a comissão de instrução, formada por verdadeiros ornamentos desta casa, por unanimidade, presta homenagem a Mercedes Blasco e aprova o projecto como uma obra de justiça para que ela não morra à mingua de pão.

Bernardino Machado, antigo Chefe do Estado, diplomata, professor e uma das figuras morais e intelectivas de maior relevo do país, que se impõe pelo talento, pelo carácter e pela firmeza de opiniões.