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Sessão de 17 de Fevereiro de 1921

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Pregmíta de fácil e difícil resposta, Sr. Presidente.

De fácil resposta se o interrogante, ao abdicar das mais legítimas ambições da sua vida o ao depor a sua espada, estivesse em circunstancias físicas do dar novo rumo à sua vida.

De fácil resposta só o interrogante tivesse garantido o que^ lhe era mais querido, o bem. estar da sua família. Mas de difícil resposta exactamente porque eu sabia que a doença o não poupava, que a sua -vida não seria longa!

Essa resposta^que tinha a dar-lhe apavorava-me, porque eu sabia quo o coronel Baptista apenas dispunha do seu modesto soldo porque tinha empenhado o modesto património dos seus filhos para numa ocasião difícil o imolar à salvação da Kepública, e a resposta à pregunta apavo-rou-mò pois eu sabia que ele não poderia legar aos seus mais que uma modestíssima e insignificante pensão do Monte. pio.

Mas perante tam grandes e elevados sentimentos 'de brio e honesta- altivez eu só podia responder ;como resp.ondii-r-Não!

Abraçou-me, ^o eu que tinha .pelo seu carácter o maior respeito, admirei-o e vi nele o que realmente era—o homem sans peur et sans reprochei

O Sr. Ramos Preto:—Acaba do me ser recordado pelo Sr. general Abel Hi-pólito o facto de, quando o coronel Baptista foi passado à reserva, lhe ter sido oferecido o comando da guarda fiscal, que recusou, por não estar nos termos da lei!

Isto mostra e define o carácter de um homem.

É por todas estas razões que eu por dever voto este projecto. Voto-o por amizade — e não me fica mal dizê-lo aqui, porque não há amizade que envergonho .quando se trata de praticar um acto do justiça; voto-o pela circunstancia de me haver encontrado na hora da sua morte, honrada e digna, a seu lado.

, Voto-o finalmente por um dever de gratidão.. Voto-o por gratidão, digo-o aqui bem alto, não pelo facto de o meu queridç amigo coronel Baptista me ter levado -a niirn, obscuro cidadão português, às cadeiras do Poder. Ministros que não •deixam vestígios da sua passagem, como

eu, muitos o tem sido, mas não posso esquecer o facto de me ter dado a honra de mo chamar a colaborar com. ele.

Ministros como eu, Sr. Presidente, tem havido muitos, mas.o que é certo é que eu posso orgulhar-me de ter colaborado com esse grande patriota que tantos e tam assinalados serviços prestou ao seu país em horas difíceis e amargas, das •mais amargas e difíceis da minha vida. Para a sua memória vai a minha gratidão.

Sr. Presidente: são difíceis, são graves são pavorosas as circunstancias da vida política portuguesa. Há quasi um ano, Sr. Presidente, que o coronel Baptista foi chamado às cadeiras do Poder; não obstante, parece que os nossos homens públicos e os nossos dirigentes políticos nada colheram do exempío de civismo o abnegação que lhes deu o coronel Baptista. Continuam as mesmas rivalidades e ambições.

E tempo de nos convencermos de que o povo não pode tolerar um tal estado de cousas.

Vou terminar. Não ó este1 o lugar para fazer mais largas considerações a este, respeito.

Termino, fazendo apenas um voto: é que os homens públicos do meu país, ins-pirando-so nos sentimentos do falecido coronel Baptista, cumpram o seir dever.

Estou convencido de que com boa vontade, com sinceridade o com lealdade, e juntando-nos todos, poderemos efectivar a nossa obra.

Tenho dito.

O Sr. Celorico Palma:—Sr. Presidente: pedi a palavra para declarar • que voto este projecto, e que, na qualidadade do representante do distrito do Beja, afirmo que óste distrito tinha muita honra em ter como filho o coronel António Maria Baptista, pelo qual tinha a maior consideração em vista da sua. honestidade, inteligência e amor à Pátria e á República. Não direi mais palavras a seu respeito porque outros certamente coin mais brilho do que eu se seguirão.

Tenho dito.