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Sessão de 16 de Marco de 1921

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Exemplo de valoroso ânimo, de tenacidade, de querer e de força, quando todos julgavam que a política para cie se traduziria apenas numa memória e numa saii-dade, surge-nos, com a mesma fé, impetuosa e inquebrantável, pronto para todas as lutas, decidido a todos os sacrifícios. (Apoiados}. ,

As injúrias, as injustiças, as ingrati-•dões e a nostalgia no exílio, amargurada a morte de uma filha querida, não lhe fizeram perder a têm pêra rija da sua característica individualidade moral e intelec-tiva, antes reconfirmaram o que do ilustre professor dissera um dos mais altos espíritos do tempo, quando, há mais de 30 anos, fez a sua estreia parlamentar.

Hoje, na Presidência do Ministério, depois da inviabilidade de vários governos impolíticos o improfícuos, que nos deixaram triste impressão de que há quem tenha a opinião de que em Portugal toda a gente pode-ser chefe de governo com excepção dos políticos de carreira c, principalmente, dos chefes de partidos; sim. hoje, na Presidência do Ministério, o seu grande nome, bem conhecido em todo o país e no estrangeiro, devia ser como que uma bandeira a garantir a tranquilidade •que lia tanto tempo falta ao espírito nacional.

• Devia ser, disse intencionalmente, sublinhando estas duas palavras, porque não sei bom se... será.

O governo que 8. Ex.a nos apresenta, organizado segundo a fórmula política do •anterior, ficando até na pasta da Marinha um popular, como que a representar o Sr. Dr. Júlio Martins, depois do grave •conflito que todos lamentamos, e cuja solução merece a minha maior reprovação porque estabelece uni terrível precedente para a disciplina da Armada, este governo, dizia, não é positivamente aquele que o país esperava. (Apoiados e não apoiados).

Á despeito de reconhecer que há individualidades no Ministério de envergadura estadística, e que todos são sinceramente republicanos, o país esperava outro^ Governo.

Este está gasto e velho, porque provém da recomposição duma recomposição, ou duma decomposição . .. como disse um ilustre Deputado.

Sim, não era este o Governo que es-

perávamos ver organizar ao Sr. Bernar-dino Machado.

No dizer dum ilustre marinheiro, este Governo é formado pelos salvados do dois naufrágios de barcas timonadas pelos Srs. Álvaro de Castro e Liberato Pinto. Recolhendo os destroços alcançou formar esta jangada que flutua, mas que não poderá avançar, por mais experimentado que seja o capitão.

Sei que o Sr. Bernardino Machado, com a proverbial cordialidade que o su-perioriza, está neste momento murmurando para os seus botões: «Mas, meu querido amigo, foi o que se pôde arranjar ! Os partidos não deram mais nem melhor!». (Risos).

Quanto a mim, não é razão. Não.

Tivesse S. Ex.a organizado um gabinete de competências, que ainda as há dentro da Eepublica, do qual deveriam fazer parte alguns dos actuais Ministros, e o Parlamento não cometeria o acto antipatriótico de lhe não dar apoio.

Em França, Briand também não tem atrás de si um partido a apoiá-lo incondicionalmente; todavia, a sua alta figura e o valor dos seus cooperadores, de colaboração com o Parlamento, está realizando a obra que um Governo presidido pelo Sr. Bernardino Machado devia e podia realizar.

Depois, sendo este Governo, de facto, uma recomposição do anterior, parece que todo o mal estava na pasta da Instrução, visto ter sido o Sr. Augusto Nobre único o arredado para dar lugar ao Sr. Júlio Martins.

Todavia, sendo o Sr. Augusto Nobre um distinto professor da Universidade do Porto, onde também é reitor, ninguém poderá dizer que esteve deslocado naquela pasta.

Porque se abriu esta excepção?

Não se compreende; mas parece-me que se atendeu mais à política partidária do que à instrução do país. O Sr. Júlio Martins, embora muito inteligente e uma das mais consideradas figuras da Eepublica, não tem obra l de pedagogo ou do pedagogista que o imponha para essa pasta. Estaria bem noutra. '