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Diário das Sessões do Senado

usasse dela na presença do Sr. Ministro da Marinha.

Consultado o Senado, foi autorizado.

O Orador: — Sr. Presidente: eu tinha pedido a palavra para quando estivesse presente o Sr. Ministro do Comércio, a fim de comunicar a S. Ex.a um assunto que reputo realmente importante. Este assanto refere-se aos Transportes Marítimos.

Tenho aqui uma carta que recebi dos Estados Unidos da América em que se faz referência à forma como têm sido administrados os Transportes Marítimos na cidade de Xova York. Sabe V. Ex.a e o Senado qu3 é voz pública que t. administração dos Transportes Marítimos do Estado tem deixado muito a desejar.

Em toda a parte o Estado é mau administrador, porque por melhor bca vontade que tenham as pessoas que estão à frente dos organismos, difícil é fazer interessar os funcionários que trabalham nos mesmos. Mas administrações particulares pó-i em todos os empregados se interessam e assim é que nós vemos que, desde oguar-da-portão até o chefe dos .escritórios, sabem todo o que diz respeito às companhias em que trabalham.

Ainda há pouco o Ministro de Trabalhos Públicos, em Inglaterra, dizia que estava inquieto por entregar à administração de companhias particulares os caminhos de ferro, porque o Estado estava a perder com essa administração, ao passo que sabia que as companhias; antes da guerra distribuíam juros muito razoáveis.

Todos sabem que o vapor S. Vicente teve um desastre nos Estados Unidos da América. Para o devido concerto fizeram-se duas propostas, uma de 120:000 dólares e outra de 60:000. pois foi escolhida a mais dispendiosa, donde resulta, pelo câmbio actual, um prejuízo de centenas de contos pare, o Estado.

Ha pouco o vapor Marmugco tevs necessidade de obter fornecimento de carvão.

Houve ofertas a 6,30 dólares e a 5,25; tendo sido preferida e aprovada a cferta mais alta, donde resulta um prejuízo de cerca de Í5:()00 escudos.

Apestr ca Administração dos Transportes Marítimos ser autónome, estou convencido qua o Sr. Ministro do Comércio poderá, £e alguma forma, evitar estes actos de má administração, nomeanto co-

missões de inquérito ou indagando directamente a forma como ela se administra e que produz um péssimo efeito.

A pessoa que me es.c:reve, um patrício meu de toda a respeitabilidade, diz que estas cousas darão em resultado o acabar--se com estas carreiras que, embora neste momento não dêem interesses —e uma das razões disso ó a má administração — mais tarde é natural que contribuíssem bastante para o desenvolvimento do fomento nacional.

Espero que o Sr. Ministro do Comércio tomará em consideração estas minhas observações.

Bem sei que a administração dos Transportes Marítimos ó hoje uma das oligarquias maiores do nosso país, que ó composta de gente de todos os partidos, que lia muitos interesses ligados a ela; mas seria de toda a vantagem que se tratasse de estudar a forma de dar-lhe um outro caminho, pois me consta que dali veiu para o Estado um prejuízo de cerca de 2:000 contos, embora não saiba o que há de verdade nisso..

O Sr. Ministro do Comércio e Comunicações (António Fonseca): — Sr. Presidente: ;»edi a palavr?. para responder ao Sr. Rodrigo Cabral, acerca dos dois casos concretos relativos à administração dos Transportes Marítimos, a que S. Ex.a se referiu.

Devo dizer que não sei onde é que se fazem os fornecimentos à Administração dos Transportes Marítimos. Competindo--me como Ministro fiscalizar, em vou informar-me do assunto e trarei ao Senado aquilo que souber. Mas o ilustre Senador, além dos dois pontos que tratou, fez considerações de natureza geral, no sentido de criticar a Administração dos Transportes Marítimos.

Ora, a verdade é que se essa administração não é tam boa como seria para desejar, também não é tam má como muita gente tem dito.