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Sessão de 12 de Abril de 1921

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eles o rigor em lhe pagar, que tem para lhes pedir o que eles devem (Apoiados). Não há Ministério que não deva aos Transportes Marííiinos, havendo também particulares que lhe devem.

Além disso, com certeza quo o ilustre Secador não ignora quo todas as reservas de ouro foram em tempo requisitadas, pelo então Ministro das Finanças Sr. Ramada Curto, desfalcando-se assim, evidentemente, os Transportes Míirítimos.

Para se realizarem carreiras, é preciso fazer determinadas despesas e os fretes não dão para elas. Por outro lado, condições de péssima exploração, como a de não haver carga a exportar. São especialmente deficitárias as carreiras que saem de Portugal e voltam para cá. Noutras condições, poder-se-ia arranjar um saldo.

^Quere isto dizer que a administração seja rigorosamente boa? Não; não é.

Há pouco tempo foi uma comissão encarregada pelo Sr. Velhinho Correia de fazer uma sindicância aos actos do Sr. Estêvão Pimentel, sindicância que foi pedida por este vogal da Administração do Conselho da Marinha Mercante Nacional, e essa sindicância terminou por fazer inteira justiça a S. Ex.a, dizendo que nada há que possa de alguma maneira ferir a sua reputação como membro daquela corporação.

Essa sindicância foi mais longe, porque a portaria determinava que ela fosse feita a todos os membros da administração.

Eu não tive ainda tempo de tomar inteiro conhecimento dessa sindicância porque ela me foi entregue há apenas seis ou sete dias, e não me era possível neste curto praso de tempo estar a tomar conhecimento completo duma cousa tam importante, tendo aliás - outros assuntos de não menos importância a tratar e que desviavam a minha atenção.

Em todo o caso eu não perco de vista o assunto relativo aos Transportes Marítimos. Contudo o que não podemos de momento, sem mais exame, dizer que aquilo é absolutamente péssimo, que cada um faz o que "quer, que cada um rouba o que pode, etc. Não.

É preciso fazer mais justiça às dificuldades que se encontram na sua exploração.

A concorrência formidável que os Transportes Marítimos têm, a tonelagem

demasiada para as necessidades de Portugal, o que obriga muitas vezes os navios a saírem com lastro, ou estarem bastante tempo atracados ; as somas grandes que se lhes devem, e que só à parte do Estado montam a 28:000 contos, havendo ainda as dívidas dos particulares, de alguns milhares de libras, e alguns milhares de dólares.

Eu julgo que alguma cousa se poderá fazer para melhor, como poderá ser por exemplo aquilo que o Sr. Velhinho Correia pensou e que as comissões da Câmara dos Deputados aceitaram.

Se o Parlamento não tem discutido essa proposta é porque não tem querido, visto que ela está quási há um ano pendente da discussão parlamentar.

Se em tempo competente se tivesse posto em prática o que eu tinha pensado, grandes vantagens teriam vindo para o País, pois só proibia que os cidadãos portugueses que tinham armado os seus na-vias com bandeira portuguesa os vendessem para fora do país.

Nestas condições seria o Estado quem venderia os navios que julgasse dispensáveis, e vendê-los-ia por alto preço, pois nessa época com a febre de negócios, com companhias que se fundaram, e com o incremento que outras companhias tomaram, sobretudo as coloniais, não seria difícil vendermos os navios a 40 libras a tonelada, quando hoje nem sequer a 5 libras a tonelada temos possibilidade de os vender.

As condições são diversas, visto que o preço dos valores está decrescendo, dando uma desvalorização nos transportes marítimos.

Devia este problema ser resolvido como eu julguei há tempos, e nessa ocasião por vários motivos, como febre de negócios, abundância de dinheiro, ter-se-ia arranjado uma maneira de vender com grande utilidade para o País.

Hoje, estou convencido que ninguém lhe pega. Estamos condenados a administração dos transportes marítimos feita pelo Estado, com todas as deficiências que tem a administração do Estado, sobretudo de carácter comercial ou industrial.