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Diário das Sessões do Senado

Por consequência, Sr. Presidente, eu advogarei, mais do que ninguém, a urgência de transpor para a outra margem do Tejo a parte fabril do Arsenal de Marinha.

Como já tive ocasião de reconhecer no próprio parecer dei comissão de finanças, o que é preciso é que isto se faça com método e oportunidade, de maneira que não sejam improfícuos os esforços feitos neste sentido e não venham porventura maus actos de administração perturbar a rápida realização deste importante melhoramento.

Foi assim que a comissão de finanças, ao elaborar o seu parecer reconheceu:

Leu.

Este, Sr. Presidente, é o meu modo de ver e o. modo de ver da comissão de finanças, como deve ser o de todos os que olham para estes assuntos unicamente com o propósito de bem servir o pais.

Este é ceítamente o modo de ver do Sr. Ministro da Marinha, a quern eu presto homenagem pelas suas qualidades de talento e saber; S. Ex.a, como inteligente e verdadeiro defensor da classe que lhe está subordinada, certamente não q;iorerá, com à sua responsabilidade, autorizar que vá por diante unia verdadeira aventura financeira.

Este deve ser também o objectivo do Sr. Ministro das Finanças, que sinto não ver presente, pois a S. Ex.a cumpre zelar pela boa aplicação dos dinheiros públicos.

Este devia ser também o objectivo da Junta Autónoma, a cujas intenções já tive ocasião de prestar a minha homenagem,, discordando porém do seu modo de ver o da forma por que pretende pô-Jo em execução.

Não querendo roubar mais tempo ao Senado reservo-me para na especialidade» mostrar os inconvenientes da proposta, especialmente na parte que se refere aos artigos 1.° e 2.°

O Sr. Abel Hipólito : — Em breves considerações eu vou entrar na discussão deste assunto na parte que se refere à, generalidade, porque só nesta parte se me afigura terem razão de ser as considera-ões que vou apresentar.

Este assunto tem de ser tratado sob diversos aspectos, sendo um deles a conveniência das obras, quer sob o ponto de

vista económico, quer financeiro; ele será tratado desenvolvida mente quando se discutir na especialidade.

AfigMra-se-ino também que este assunto deve ser apreciado sob o ponto de vista social, e não sei se £s comissões que têm estudado este assunto têm ponderado os inconvenientes que podem aparecer de se fazer uma obra desta natureza na outra margem do Tejo, onde têm de trabalhar milhares de operários, numa época em que as agitações operárias são frequentes, que podem ficar à sua vontade lazendo aquilo que naturalmente entenderem dever fazer para seus interesses sem que o Governo possa ter à sua disposição meios rápidos para restabelecer a ordem. Mas tudo isto são considerações sobre uma ordem de ideas cm que eu não quero entrar em detalhe, apenas quero dizer algumas palavras sobre o ponto de vista militar.

Não se compreende, Sr. Presidente, que uma obra destas, que vai custar tanto dinheiro ao país, não esteja perfeitamente assegurada sob o ponto de vista da defesa nacional.

Este assunto já foi estudado por algumas comissões. Basta-ine citar a opinião do distinto oficial da nossa armada, há pouco falecido, Sr. Borja de Araújo, que dizia no seu relatório ser muito vantajoso, mesmo indispensável, que o arsenal pudesse ficar na outra margem do Tejo, a fim de o colocar ao abrigo de qualquer golpe da mão.

Dizia este mesmo Sr, contra-almirante que as obras na margem direita não estavam ao abrigo de golpes de mão, e para ver quanto isto é verdade, basta ver o mapa pa^a se verificar que não era fácil fazer cem eficácia a sua defesa.

Sabe V. Ex.a e o Senado que nada do que a comissão que tratou dêsto assunto em 1911 dizia no seu relatório, existe no outro lado do Tejo, e por isso eu chamava a atenção do Sr. Ministro da Marinha para que faça sentir ao seu colega da Guerra a necessidade indispensável de se atender a este assunto, para que quando estas obras estiverem concluídas haja a certeza de que podem ser defendidas e de que estão ao abrigo de um golpe de mão.