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Sessão de IS de Maio de 1921

Fala-se na necessidade do aumento de produção. Sou absolutamente favorável a esse princípio, o que eu duvido é se por esta forma ela se aumenta. Emquanto o aumento de produção não for beneficiar os operários, não será fácil de resolver o assunto.

£ Deverão os operários ter participação nos lucros? O problema já está lá lora posto, e tem de o ser entre nós.

O operário só quando sentir que, quanto mais trabalhe maior será o seu benefício, ó que se decidirá a trabalhar.

Presentemente não temos conflitos a resolver, e parece-me que não é boa política ir levantar questões irritantes. Era isto que tinha a dizer.

O orador não reviu.

O Sr. Pereira Osório:—Concordo com estas considerações. Estou convencido de que há-de vir a acontecer um aumento de horas de trabalho, más quem o reconhecerá será o próprio trabalhador.

Quando isso partir dele, está arredado qualquer conflito.

Kejeito, pois, o projecto.

O Sr. Júlio Ribeiro:—Requeiro que o projecto volte à comissão de trabalho e de higiene.

Foi aprovado o requerimento.

O Sr. Lima Alves:—É insuficiente a aprovação deste requerimento.

A comissão não poderá tomar conta deste projecto, pela razão de que vai contra disposições internacionais.

Reúne em Washington um congresso onde nos fizemos representar, e onde se acordou na manutenção das oito horas de trabalho com algumas excepções, nas quais prevalecesse, contudo, o espírito das oito horas.

Ora, tendo Portugal aderido a estas conclusões, não deve o projecto ser ato enviado à comissão.

O orador não reviu.

O Sr. Sousa Varela: — Apresentei o projecto em discussão no sentido de satisfazer um pedido das classes trabalhadoras do meu distrito.

Nenhum outro interesse me moveu.

Oomo democrático, não seria sem o

meu protesto que alguém modificasse o regime das oito horas de trabalho.

Mas em virtude do que ouvi, e não querendo levantar atritos de nenhuma espécie, eu peço licença para retirar o projecto.

O orador não reviu.

O Sr. Júlio Ribeiro:—Parece estar aberta uma nova crise parcial do Governo, e estando presente o Sr. Presidente do Ministério, desejava qiie S. Ex.a dissesse ao Senado, se pudesse, os motivos dessa crise, que é deveras lamentável, de mais tratando-se da pasta da Agricultura uma das mais importantes.

Eu não sei a razão porque estando o Sr. Ministro da Agricultura nas melhores disposições de fazer uma obra útil e patriótica, ele se encontre agora demissionário.

Certamente alguma razão houve, e razão poderosa que o levou a demitir-se. Por isso eu desejava que o Sr. Presidente do Ministério me explicasse, e à Câmara, a razão dessa crise, que, como já disse, é para lamentar.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior (Bernardino Machado): — Sr. Presidente: primeiro de que tudo permita o ilustre Senador, e meu amigo, que eu lhe diga que acho sempre mal soante a palavra «crise».

Desculpe-me S. Ex.a este egoísmo que não é um egoismo ministerial, mas egoismo patriótico.

Nós não podemos continuar agitando o espírito público.

Já basta que haja agitadores lá fora; já basta, infelizmente, que muitas fermentações possam às vezes perturbar não só o ânimo do Ministro, mas até certo ponto dificultar-lhe aquilo que ele deve resolver com toda a calma.

Já bastam para nosso mal que subsistam ainda aqueles resíduos de tempos dolorosos para por vezes perturbarem o espírito público.

Eu já outro dia disse, e hoje repito, que o nosso grande mal é não termos uma imprensa republicana.