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Diário deu S&nôes do Scnaâo

sempre que os não houve, mas ainda os factos revelam que não os deva ter havido.

Por outro lado Sr. Presidente, quanto à dissolução, de que muito se tem falado, e parece-ma que com algum fundamento, como se trata dum acto para cuja realização é preciso que haja a precedência política, ainda me não julgo no direito de apreciar concretamente esse ponto, apesar de em minha opinião e consciência, achar há muito tempo que a situação em que se encontrava o Parlamento Português, melindrosa um pouco pelas dificuldades suscitadas para o rápido andamento de cousas que interessavam ao pais e melindrosa sobretudo,, porque £ sua orientação, tendências e aproximação de ordem política, se achavam bastante divorciadas da sua origem e que não deveriam de maneira nenhuma corresponder às aspirações do eleitorado, quando este se tinha pronunciado.

Tenho dito.

Vozes: — Muito bem, muito bem.

O Sr. Presidente: — Antes de conceder a palavra ÍLO Sr. Oliveira Santos, devo dizer à Câmara qual foi a minha atitude perante o Sr,, Presidente da República, e em face dos últimos acontecimentos.

S. Ex.a pediu-me para ir a sua casa, na minha qualidade de Presidente do Senado, e depois de me expor os factos que se passaram, e que eu peço licença para não referir por se tratar duma conversa particular, preguntou me qual era a minha opinião a respeito da nova situação ministerial, respondendo-lhe eu que, tendo o Ministério caído em virtide doma revolta de caserna, o Presidente do Senado não podia dar a S. Ex.a informações de espécie alguma. (Muitos apoiados],

Pregunto ao Senado se é Oste o seu sentir? (Muitos apoiados],

O Sr. Oliveira Santos:—Sr. Presidente: antes de entrar no assunto em discussão eu permito-me preguntar a V. Ex.a se já tem comunicação oficial sobre a constituição do novo Governo, e bem assim se êst© pensa ou não em se apresentar a esta Câmara?

O Sr. Presidente: — Não senhor, ainda não recebi comunicação oficial nesse sentido.

O Orador: —Muito obrigado a V. Ex.a

Verificou-se ato este momento, pela leitura do noticiário dos jornais, noticiário que ainda não sofreu controvérsia, como se tem verificado pela discussão aqui feita hoje, que infelizmente, no momento em que a, República precisava de produzir um trabalho fecundo e útil, e precisava iniciar uma era de paz e amor, sem a qual não é possível vida política em Portugal, nem firmar a pureza dos princípios republicanos, verificou-se que a República foi ferida, que a Constituição o foi também, que o Parlamento foi ultrajado, será que até agora o país conheça ter havido qualquer procedimento no sentido de se averiguar, por meio dum rápido inquérito, quais os culpados na insubordinação militar quo ontem se deu em Lisboa.

O que se sabe ó que algumas forças militares saíram dos seus quartéis, absolutamente indisciplinadas, e foram fazer imposições ao Chefe do Estado, embargando a passagem dam automóvel que conduzia um Ministro e se dirigia para casa do Sr. Presidente da República, ao qual disseram que se fosse o Ministro da Guerra o teriam morto.

É isto, até agora, o que se sabe em Lisboa. Nada mais.

Sr. Presidente: através da história da nossa nacionalidade, mesmo nas suas crises mais agudas, e através da história de todos os povos da velha Europa, sempre se verificou que qualquer movimento revolucionário tinha uma finalidade, tinha qualquer objectivo político ou social. Tal não sucede, porém, com o movimento militar de que nos estamos ocupando, pois até este momento não consta que a junta revolucionária apresentasse ao país ou ao Chefe do Estado o seu programa, dissesse qual o seu objectivo, mas apenas se sabe que se fez uma imposição formal ao Sr. Presidente da República para que depusesse o Governo e dissolvesse o Parlamento.