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Sessão de 11 de Janeiro de 1924

em que nos encontramos, pondo de parte a questão das instalações da nossa legação e do nosso consulado, cujo luxo e conforto se devem, sem dúvida, ao espírito de patriotismo dos nossos compatriotas ali residentes, ao sentimento português, ao sacrifício, esforço e dedicação da nossa colónia para cobrirem, com a quantia necessária, o déficit que havia entre a importância votada pelo Parlamento para a aquisição desse edifício e o seu custo, pondo de parte, por exemplo, a circunstância com que S. Ex.a tanto se comoveu de ver o grande orador, Sr. Xavier Cordeiro, a correr para assistir a todas as sessões com o seu colar de Santiago, quere dizer, um desses penduricalhos, contra os quais S. Ex.a foi um dos mais fervorosos paladinos por, em seu entender, só servirem para ostentar uma vaidade humana, por tudo isto emfim folgo com essa viagem de S. Ex.a e com o que S. Ex.a por lá aprendeu.

Mas o Sr. Pereira Osório esqueceu-se também de ver o que há de notável no Brasil, no que diz respeito à sua renovação social, à sua renovação política, moral e filosófica, no campo das sciências, das artes e das indústrias, fazendo apenas um exame muito superficial sobro o assunto, para aqui vir revelar a nós, seus colegas do Parlamento, e ao País, que há, entre nós portugueses, homens de um grande valor, como sejam aqueles nossos compatriotas médicos, a que S. Ex.a se referiu, e que foram tratados com todas as considerações pelos grandes vultos das sciências o das letras brasileiras.

Mas se S. Ex.a pôde apreender do que era aquela civilização, havia de convencer-se de que. apesar de nós termos uma tradição muito maior do que a brasileira, nós não nos podemos hoje, infelizmente, comparar com aquele País, e havia de ter assistido ao que era a verdadeira liberdade de democracia, esse ideal que S. Ex.a defendeu sempre desde os seus tempos de estudante.

O Sr. Pereira Osório :—Eu não me referi a nenhuma instituição brasileira; só quis mostrar o que era a nossa representação no Brasil e a nossa colónia.

O Orador:—= Sob o ponto de vista da nossa representação. S. Ex.a apenas disse

que era uma instalação luxuosa, tanto a legação como o consulado, mas não acrescentou o que certamente contém dentro da sua alma, ao ver a grandeza, a majes^ tade e a riqueza da nossa embaixada e do nosso consulado, e que foi que isso não correspondia—triste é dizê-lo — à miséria, à insignificância e à ruína do País que representavam.

Não apoiados.

Isso é que é de lastimar, como é também de lastimar que, apesar de todo esse movimento patriótico que foi, sem dúvida nenhuma, o que motivou as conferências a que S. Ex.a assistiu, feitas pelo nosso cônsul, com grande número de projecções luminosas sobre o porto de Lisboa, apesar de toda a nossa boa vontade e de todo o nosso orgulho, porque é lá fora que* nós nos sentimos verdadeiramente patria-tas, defendendo os seus ideais, as sua? injustiças, e não consentindo que ninguém, as proclame, apesar de tudo isso, ó certo-que não temos outro remédio senão confessar que, através de todas essas belezas, de toda essa magnificência e de todas essas projecções luminosas apresentadas pelo conferente, elas não traduzem o estado do País, nem servem para nosso estímulo, a fim de transformarmos o porto-de Lisboa nalguma cousa de grande e do real que o tornasse o ponto de passagem, o porto obrigatório para a entrada de tantos e tantos estrangeiros que aqui deixariam o seu ouro.

O Sr. Pereira Osório, que eu tenho vista aqui tantas vezes — não direi bem revoltar--se, porque S. Ex.a tem uma educação' e uma correcção quê nunca lhe poderemos negar — mas até certo ponto deve sentir-se incomodado com algumas afirmações feitas deste lado da Câmara e da bancada católica, a respeito dos sentimentos religiosos.

O Sr. Pereira Osório: — Era aí que V. Ex.a queria0 chegar, -embora fosse, um ponto em que eu, propositadamente, não toquei.