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Diário das Sessões do Senaàa

ciou para aumento das receitas são absolutamente- insuficientes para acudir à crise actual, como a seu tempo só provará. Carece-se de alguma cousa de mais enérgico, de mais decisivo, e eu não vejo no Governo nem energia, nem decisão, nem critério, para a adopção desses medidas extremas.

Não irá, portantç, longe o Governo a que preside o Sr. Álvaro de Castro; ou o Partido Democrático o derruba, porque a instabilidade política permanente do Sr. Presidente do Ministério não convém aos seus propósitos partidários, ou mais provavelmente o Governo cai esmagado pela gravidade da situação, que ele não sabe dominar. De qualquer maneira não prestou V. Ex.a um bom serviço, nora à República, nem ao País, ao contrário do que V. Ex.a pensava, faço-lhe essa justiça. Pretendeu enfraquecer-se D Partido Nacionalista; e se nos foi dolorosa a separação de alguns companheiros, que muito considerávamos—bastaria citar qoe nesta casa do Parlamento tinham assento nas nossas fileiras — verificamos com orgulho que essa perda foi compensada pela maior solidez e homogeneidade da agremiação. O Partido Nacionalista esteve menos de um mês no Poder; deu no exercício do Governo provas dessa decisão, dessa visão nítida dos problemas do momento., que eram penhor seguro do êxito da sna missão; saiu constitucionalmente,, caindo de pé e ficando acrescida a esperança legítima que o País liga à sua acção. Nào queimou os seus homens, não renegou os seus princípios. Apesar das cabalas e intrigas políticas a sua hora há de chegar. V. Ex.a há de passar efème-ramente e o Partido que eu tenho a honra de representar há-de cumprir a sua alta missão.

O Sr. Mendes dos Reis:—Antes de me desempenhar da honrosa incumbência que me conferiu um grupo de Senadores, encarregando-me, de apresentar os seus cumprimentos ao Governo, e de difinir a atitude que para com ele esse mesmo grupo deseja manter, permita-me o Senado que eu diga algumas palavras em meu nome pessoal.

Durante muito tempo fui adversário irredutível dos Governos de concentração e conservei essa opinião ato a queda do

último Governo do meu partido, da presidência do Sr. Ginestal Machado. Desde então convenci-me, que nem o Partido-Democrático com a sua forte-organização, nem o Partido Nacionalista com os seus-patrióticos intuitos têm viabilidade para governar. Nenhum partido só por si, seria capaz de arcar com as responsabilidades da execução da obra govérnativa, económica e financeira que é preciso realizar;

Só com o esforço conjugado de todos os republicanos, pondo de lado partida-rismos estreitos, é que se poderá iniciar a obra de ressurgimento nacional.

Quando se deu a cisão do meu partido, vi-me colocado perante o dilema de ou seguir o que mo aconselhava a minha razão e inteligência, ou seguir o que determinavam os organismos dirigentes do meu partido.

Vendo também o modo de pensar e inesmo o procedimento de muitos dos meus correligionários o dos mais valiosos, entendo que antes de definir a minha atitude devia consultar os meus eleitores, a. quem expus o meu critério sobre os acontecimentos partidários, informando-o s também lealmente sobre a atitude política que eu entendia dever tomar.

Em virtude do que expus, autorizaram--me a que eu tomasse a atitude que entendesse dever tomar e é em harmonia, com essa autorização que resolvi apoiais o Governo.

Falando agora em nome dum grupo de-Senadores que me deram a honra de os-representar, devo declarar ao Sr. Presi dento do Ministério que esse grupo via com muita simpatia as medidas de compressão do despesas já promulgadas, me* didas quD representam um grande esforço-e aturado trabalho e sobretudo afirmam? uma grande coragem moral.

E é realmente preciso ter coragem para enfrentar a situação, pois o Governo teve-necessàriamente de ferir interesses criados, afastando algumas pessoas do situações que gozavam injustamente.

É necessário conhecer o feroz egoísmo-que lavra no nosso pais, para avaliar bem. a série de dificuldades e atritos que o-Governo teve de vencer nas medidas que-adoptou.