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Sessão de 18 de Janeiro de 1924

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mas fazê-lo funcionário público é que não há ainda ninguém que o tenha feito . . .

O que pregunto- é quais os resultados .práticos das apregoadas economias de S. .Ex.a o Sr. Presidente do Ministério.

Eu, investigando a declaração ministerial e os dois relatórios, fico convencido que há uma economia de 11:000 contos ao contrário do que S. Ex.a dizia que eram 9:000 contos.

No segundo relatório já emendou e diz que são 11:000 contos.

Ora, Sr. Presidente, não me regulo só por estas epístolas, regulo-mo pelos jornais que são de S. Ex.!l e referindo-me ao déficit e às medidas que se iam adoptar para o cobrir fiquei quási convencido do que íamos nadar num mar de felicidade, de tranquilidade o abastança, quando S. Ex.a disse: — o déficit seria de 400:000 contos, mas eu, ditador, César, reduzo-o a 333:000 contos, e com um cozinhado de mais economias consigo uma compressão de 100 contos, e isto sem pôr a panela dos impostos em calor bem vivo. E para isso S. Ex a deve ter, a contento do Sr. António Maria da Silva, unia grande boa vontade, há de suprimir cargos públicos, fazer reduções, porque mesmo que se esqueça lá estará S. Ex.a para lho lembrar, porque lhe receberá os benefícios quando tiver de herdar o Poder.

No caldeirão dos impostos, estando o Sr. António Maria da Silva a abanar o fogão, eu consigo mais 100:000 contos, e isso é fácil, arrebatando os aí a uns sujeitos que estão a ganhar muito dinheiro.

Sr. Presidente: neste jogo de supressão de despesas, e de acrescentamentos, ou aumentos de receitas, S. Ex.a, faz-me lembrei;-, desculpe-me a Câmara, desculpe-me S. Ex.a, faz-me lembrar uma peça muito interessante e curiosa a que eu assisti ainda não há muito tempo, chamada O amigo de Peniche.

Serviu essa peça para uma das melhores criações do nosso distinto actor Chabi Pinheiro. Pois o Chabi era um amigo de tal ordem, dum outro que tinha amealhado as suas economias em libras ao ponto de visto ele possuir marcos, e estes estarem aproximando-se da ruína, foi ter com o amigo e disse-lhe: «Eu tenho muitos marcos, tu tens muitas libras; ora, como

os marcos hão-de subir e as libras hão-de descer, eu dou-te os marcos e tu dás-me as librasx». . Risos.

Salvo o devido respeito, no que diz respeito a economias e impostos, tí. Ex.íl é um amigo de Peniche.do país.

Eu vou fazer economias, mas quero arranjar, pelo menos, 135:000 contos.

É perfeitamente o caso do amigo de Peniche.

Por maior que fosse o poder intelectual do Sr. Álvaro de Castro, não é com esta simplicidade que o problema português se tem de resolver; não é com palavras, é com obras e factos que ele se tem de resolver, e nós estamos possivelmente em face duma presumível economia, que não se averiguou ainda se ela existe, de 11:000 contos?

^Para que dizer ao país, com espectáculo de deslumbramento, que vamos ter a libra ao par, quando nós vemos que não podo ser? Nem equilíbrio, nem nada de positivo se poderá sabor, porque S. Ex.a, que é uma pessoa inteligente, e faço justiça ao seu carácter o espírito, há-de convencer-se da insuficiência de toda essa obra governativa, porque não é com mais impostos, como S. Ex.a disse que são precisos pà°ra o estímulo da riqueza nacional, que o câmbio vai melhorar.

S. Ex.d sabe perfeitamente que esses impostos o que vêm fazer é aumentar a 'carestia da vida, porque S. Ex.a não pode travar a especulação desenfreada que.vai alastrando por esse país fora, a especulação filha da guerra, que trouxe consequências funestas para todo o mundo, e principalmente para a Europa e para Portugal, onde a semente pode fortificar à vontade, porque encontrou um. terreno do destruição que a Kepública tinha feito.

O Sr. Ribeiro de Melo : — Não apoiado.

O Orador:—A República não respeita o direito à propriedade, os criminosos não são punidos, ainda não vi nenhum que fosse cumprir 'pena; é essa obra de destruição que se deve à complacência, aos compromissos morais dos homens que estão no Poder.