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Sessão de 18 de Janeiro de 1924

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pasta uma seara fértil e que dará provas ao Sr. Augusto de Vasconcelos de que S. Ex.a se enganou quando disse, deforma espirituosa, «que os intelectuais por vezes não são bons políticos».

O Sr. Augusto de Vasconcelos fez bla-gue. Esqueceu-se até de que ó ilustre professor de uma escola superior, um intelectual, e que já tem passado por as cadeiras ministeriais marcando com brilho o seu lugar, isto sem recordar mais intelectuais , da nossa terra que por aí têm passado, como Emídio Navarro, eternamente lembrado como estadista, Mariano de Carvalho, professor da política portuguesa, e o seu amigo Brito Camacho, que é alguém na vida contemporânea, e tantos outros.

E Já fora, quantos grandes académicos passam por ser autênticos parlamentares e bons políticos, como por exemplo Foin-caré e Luís Bartou, poderosos legisladores e excepcionais estadistas.

Eu confio, portanto, que o representante ' da Seara Nova, virá trazer-nos boas medidas e que não há-de esquecer o problema máximo da sua pasta — qual o de educar fisicamente a gente portuguesa. E lembro que nesse núcleo de intelectuais que é a Seara Nova um homçm, poeta de merecimento, antigo parlamentar, que mo tem levado muitas vezes até junto do operários e com quem muitas vezes convive, podo indicar ao Sr. António Sérgio a maneira de tratar 'esses problemas que lhe são carísinios.

Na pasta fdo Trabalho estou satisfeito que o Sr. Álvaro de Castro tenha como colega o Sr. Lima Duque.

Porquê? E que muito tenho aqui dito que é preciso acudir ao problema da assistência com bastante carinho.

Assim, pedi que nunca fosso esquecida .essa bela instituição que é o hospital de Arroios e lembrei que transitasse para o Ministério do Trabalho.

Ora o Sr. Lima Duque é médico e deve conhecer a conveniência, como reconheceram os seus colegas médicos militares, de tornar essa obra produtiva, quando não soja para os mutilados da guerra, para os acidentados do trabalho.

Era intuitivo que se mantivesse o Instituto de Reeducação de Arroios, que um irreflectido propósito de economias deixou cair.

Hoje mais dinheiro terá de gastar-se, se se quiserem reorganizar os serviços.

Sr. Presidente : para metodizar a administração e para reorganizar serviços é preciso criar receitas e não esbanjar. Houve a coragem já de acabar com o pão político; é preciso que este Governo tome a coragem necessária para acabar também com o tabaco político, porque não se pode falar em compressão de despesas quando o Estado está a perder 200 mil contos por ano.

O Sr. Ribeiro de Melo (aparte): — A massa é elástica . .'.

O Orador : — Massa quero dizer dinheiro, c sendo assim dovo-so ir buscá-lo ondo existe realmente o não procurá-lo entre os sacrificados da vida. Vá-se buscar àqueles que eu há 12 ou 14 anos encontrava miseráveis e que hoje encontro milionários.

O Sr. Ribeiro de Melo (aparte}: —Tiveram sorte.

O Orador : — Tiveram sorte, mas podiam dar mais para a colectividade do que aquilo que dão.

Como V. Ex.a sabe, Sr. Presidente, há na nossa terra muita gente riquíssima e que não contribui para o Estado com 5 réis. Como sempre, é o povo anónimo, humilde e sofredor que dá o seu esforço e o sfu dinheiro para o Estado.

Aos grandes, aos do dinheiro, ninguém-Ihes chega, ninguém os obriga a contribuir com a sua parte para os cofres do Estado, ao passo que os outros, os humildes, morrem de fome.

E preciso que se reaja perante esta situação para qno os parlamentares não continuem a ter a denominação que as classes oprimidas lhes dão, denominação que não é justa porque estas angústias da vida de hoje não derivam do Parlamento mas sim daqueles que se dizom políticos e não o são.

Sr. Presidente: por aquelas cadeiras têm passado vários Ministros e ainda não consegui realizar a minha interpelação sobre aviação 'comercial, assunto para o qual desejo uma discussão ampla.