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Sessão de 23 de Janeiro de 1924

submarino nos Açores e que pode dar uma grande receita para o 'Estado.

O Sr. Ministro do Comércio e Comunicações (António Fonseca):— Sr. Presidente: pedi a palavra para declarar ao ilustre Senador Sr. Joaquim Crisóstomo que o projecto da concessão de um cabo submarino dos Açores para a América do Norte já está marcado na ordem do dia da Câmara dos Deputados, e espero que não levará muito tempo a ser ali aprovado.

O Sr o Carlos Costa:—Sendo a primeira vez que me dirijo ao Sr. Ministro do Comércio,, permita-me S. Ex.a que eu lhe apresente as minhas felicitações pelo lugar que ocupa.

- Eu peço a atenção de S. Ex.a para um assunto que já aqui foi tratado com o seu antecessor, mas dias depois demitia-se o Ministério e talvez por essa circunstância nada resolveu; quero referir-me ao edifício do Terreiro do Paço, parto leste, onde estavam instalados os serviços das Encomendas Postais.

Como S. Ex.a sabe, essa parta do edifício ardeu; desde então para cá não se fez absolutamente nada para a conservação do que ficou, nem para a sua reconstrução, embora tivesse havido uma proposta para se cobrirem as abóbadas com uma camada de cimento de forma que as chuvas não acabassem com o que lá estava. Nada se fez,'e talvez de propósito, para se não reconstruir o edifício, tal como era; a corroborar esta minha suposição há o facto de ter sido autorizada a cedência da pedra que lá-estava, para os Bairros Sociais.

S. Ex.a avalia a grande economia que daí resultou: a pedra foi retirada do Terreiro do Paço, foi pago o transporte para o Arco do Cego, e mais tarde, quando se queira reconstruir a parte do edifício 'que ardeu, terá de se adquirir outra pedra, sabe-se lá por que quantia; parece-me que com muita mais facilidade se arranjaria pedra nas proximidades dos Bairros Sociais, talvez mais economicamente do que a transportada do Terreiro do Paço.

Preparou-se tudo para mais tarde justificar a necessidade de modificar aquela construção, que já deu sobejas provas de resistência; pretende-se substituir a construção de alvenaria e o sistema de abó-

badas, por cimento armado, eom grave ofensa da estética e harmonia das construções pombalinas do Terreiro do Paço.

Eu entendo que ó uma barbaridade desmanchar o que está feito para em seu lugar fazer uma construção de cimento armado, sabendo nós que tal género de construção ainda não deu sobejas provas de segurança, como se verificou a quando do último terremoto do Japão.

Apesar desse facto, que EOS mostra a falta de confiança nessa espécie de construções, ainda se pretende cometer a enorme barbaridade de deitar abaixo o que está bom e sólido para substituir pôr um sistema de enigmática duração,

Dê-se V. Ex.a, Sr. Ministro, ao trabalho de ir ver as barbaridades já cometidas e ficará, certamente impressionado com o que verificar.

Se outra cousa não houvesse, para condenar a modificação que se pretende fazer, bastava a que -vou indicar, que me parece ser de peso: Y. Ex.a pertence a um Ministério que pretende fazer grandes-economias. E suficiente esta razão para que tal modificação se nãc faça, porque a reconstrução do edifício deve custar muito mais cara com cimento do que como estava. Custa hoje cerca de 1.000$ cada metro cúbico de betoni de cimento.

Estou certo de que V. Ex.a depois de verificar o qne se está fazendo, impedirá imediatamente a consumação da barbaridade.

Eu disse há pouco que não queria apreciar a parte técnica, admito mesmo que os desenhos estejam muito bem feitos, talvez até justificada a razão por que serão demolidas duas grandes e magníficas paredes mestras, aumentando a largura dum armazém com lm,50; porém, não se procedeu ao estudo do subsolo, onde se não podem fazer alicerces sem os apoiar sobre um pinhal de estacaria se o subsolo do Terreiro do Paço è, como creio, idêntico ao do Arsenal de Marinha, onde há. pelo menos, 17 metros de altura de lodo. Tenho dito.