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Diário das Sessões do Senado

Recordo-me que o Sr. D. Carlos teve de fazer uso das águas das Pedras Sal-gada-', quando do Governo do Sr. Jouo Franco, f' apesar de os médicos aconselharem Sua Majestade a ir parn o estrangeiro f a z L1 r uso de águas, o Presidente do Governo do então fez com qje Sua Majestade ÍUHSO para as Pedras Sdgac.ns.

E nãc foi em comboio especial.

E neic por isso El-Eei ficou deminuido na rutoriihide e no prestígio da sus. elevada dignidade.

Não estivamos nessa época cm '3lena bancarrota, como actualmente,

Nc\o r:cs estrangulava a garra de um pavoroso icficit.

Não nos víamos a braços com a fome, com a vida cara, com esta desoladora situação em que nos encontramos.

Mas havia, moralidade na administração públicu, hcvia pudor, havia respeita pelos altos interesses da Nação.

Nr.o sei se o Sr. Presidente da República se sentiria contrariado 3m tais cir-cunstânras.

El-Rei D. Carlos não se contrariou peio facto do o seu Governo não lhe pôr às ordens uri comboio especial e simplesmente ~er feito atrelar ao comboio correio uma carruagem especial que c conduzisse às Pedras Salgadas.

i Como eram diferentes esses tempos I

Ponho em confronto os actos do Governo de então com os de hoje, e não vejo que c Sr. Álvaro de Castro possa nfanar-sr do papel que está desempenhando.

Para outro caso também desejo chamar a atenção do Governo.

Di/em. os jornais que no r ao* realizado no Palácio da Ajuda se fez uso dfc.. célebre Baixela Germain, que é uma das raras preciosidades artísticas d-3 que podemos orgulhar-nos e uma das baixelas mais ricas e mais belas que existem r.o irundc.

Tudo aconselhava portanto a que se tivesse o máximo cuidado com tal preciosidade e se lhe desse uso apenas em ocasiões excepcionais, quando fôssemos visitados, per exemplo, pelo Cbeíe de Estado de qualquer nação estrangeira ou qji&és-semos tributar a qualquer personalidade eminente honras excepcionais e merecidas.

A|*ora ue-ar a baixela em qualquer festa familiar, destas banalíssiraas e normalis-

simas festas da família republicana, apenas com a representação obrigatória do corpo diplomático, é que me paiece demais.

Além do contraste dessa sumptuosidade com a nossa tristíssima penúria, é uma grande falta de respeito pela afamada obra de arte, sujeita assim a possíveis mutilações ou íi irreparáveis desvios de qualquer das suas pecas, o que aliás não seria caso virgem neste, feliz República que felizmente nos governa.

Não sei também como se não sentem chocados, com tanta magnificência, os sentimentos democráticos dos «bons» republicanos.

Eu não sou republicano nem bom nem mau e "o d avia a minha sensibilidade sente-se ferida, e o meu sentimento patriótico vexf.do com tain falsa manifestação de grandeza.

Se se continuar assim usando, a propósito de tudo e a propósito de nada, da baixela Germain, «ronde poderá porventura ir parar tam admirável obra de arte ?

O Sr. Carlos Costa:—Pode V. Ex.» estar descansado a esse respeito.

Nada desaparecerá, ainda mesmo que a baixela acompanhe o Sr. Presidente da República ao Porto.

Uma voz:—A quando da Exposição

O Orador: — Não posso deixar de responder ao aparte.

Ouvi cizer que quando da exposição de Pp.ris até se comeu madeira.

Ter-se-ia comido madeira então, mas, na do Rio de Janeiro, comeu-se ouro, muito ouro, que é mais alguma cousa.

O que se passou na exposição de Paris foi suficientemente explicado, e o extenso relatório que então se publicou mostra bem a diferença de processos usados pelos homens, tam caluniados, da monarquia.

O q .10 se passou na recente exposição do Rio de Janeiro é que ainda não foi explicado.