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Diário das Sessões do Senado

Mas que haja necessidade absoluta do se ter essa baixela num museu ou sea lhe dar uso, nisso é que eu me permito discordar.

É uma peça de arte, mas por isso mesmo digna de figurar em festas da ordem daquela que se realizou.

Ainda o Sr. Querubim Guimarães se referia à compressão de despesas diz ando que a seu ver o que se estava fazenic era lançar poeira nos olhos do público.

O Governo quere às vezes fazer uma série de reduções de despesas, mas a lei n.° 1:344 estabelece que se não pode bulir nos direitos adquiridos. Se V. Ex.a" amanhã derem ao Governo mais amplas autorizações, muito mais reduções nós poderíamos levar a cabo.

Se amanhã nos deixarem cortar muito mais, verão que muito mais nós cortaremos.

E se V. Ex.a quiser, um dia, particularmente, mostrarei a V. Ex.;i exemplos de algumas das categorias de interesses, que nós não podemos fazer desaparecer sem autorizações mais amplas do Parlamento.

Finalmente, a exposição do Rio de Janeiro.

É na realidade um facto deplorável, mas há uma grande diferença entre o que se passou com essa exposiçâ e o que ocorreu com outras. Basta dizer que a questão da exposição de Paris ainda está por liquidar, a,o passo que a outra, já sindicada, já deu quási desclassificações, senão sob o ponto de vista judicial, pelo menos sob o aspecto moral.

E parece-me que se fôssemos a fazer as contas, reduzindo a ouro, ainda talvez a do Eio de Janeiro ficasse mais barata.

O Sr. Querubim Guimarães '(interrompendo):— V. Ex.a que me desculpe, mas o que desejava saber principalmente era: 1.° se o comboio especial é pago ou não pela Câmara Municipal do Porto; 2.D se a baixela Saint-Germaiu vai ou não ao Porto.

O Orador: — Não posso respender con-cretamente a V. Ex.a sobre esses pontos, mas eu amanhã trarei a V. Ex.a todas as indicações para V- Ex.a ficar inteiramente elucidado sobre esse assunto.

O orador não reviu-

O Sr,. Querubim Guimarães (para expli-cações~):-*-Sr. Presidente: ouvi com a máxima atenção a resposta do Sr. Ministro do Comércio às minhas considerações, e notei que S. Ex.a foi de uma amabilidade cativante, o que é absolutamente próprio da sua correcção e da fina educação que tem demonstrado sempre em toda a sua vida pública. S. Ex.a defendeu-se cia melhor maneira que pôde, sempre com aquela inteligência com que estamos habituados a ver S.Ex.a falar na Câmara dos Deputados, da sua cadeira de parlamentar.

Mas, das suas palavras, nada ficou de positivo.. Ficou apenas a possibilidade de, no caso de S. Ex.a o Sr. Presidente da República ir ao Porto em comboio especial, ser o Porto quem paga essa despesa, e, quanto à baixela, unicamente nos disse S. Ex.a que não sabia bem o que havia sobre a sua ida ao Porto.

A respeito do uso que se lhe deu no Palácio da Ajuda, o Sr. Ministro do Comércio justifica-o e defende-o até mef-mo sob o ponto de vista do culto da arte.

Pois eu devo dizer que discordo abso: Latamente do parecer de S. Ex.a É o próprio culto da arte que se opõe a tais facilidades e abusos.

Mas o que me admira é que o Sr. Ministro do Comércio se sinta bem com tal magnificência e não sejam os seus princípios democráticos os primeiros a revoltar-se contra isso.

Que, ou, um reacionário, educado na velha essola, aferrado aos princípios monárquicos e não podendo portanto abstrair-me do prestígio e do brilho de que se rodeiam os tronos, me não sinta mal com todas essas manifestações de culto externo, vá, compreendo-se.

Mas que seja o Sr. Ministro do 'Comércio, im republicano e creio que dos bons. quem quebre lanças por cousas .dessas, é que não faz sentido. Sr. Ministro do Comércio, lídimo representante duma democracia, não se tratam com tal sumptuosidade. Que democratas são esses que só se sentem bem no meio do maior conforto, luxuosamente instalados e luxuosamente servidos em ricas e preciosas baixelas?