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Sessão de 23 de Janeiro de 1924

que dentro em breve viveríamos neste país sem déficit ou seja com o Orçamento equilibrado.

j Cá fico à espera do milagre!

Mas, Sr. Presidente, se estamos nessa época, não faz sentido, nem causa boa impressão ao infeliz contribuinte português, que se vê na contingência de pagar uma soma de contribuições superior às suas próprias forças, que, ao mesmo tempo que se pregam economias e se afirmam propósitos de nova vida, estejamos assistindo a certas manifestações de faustoma-nia, afrontosas da nossa miséria, ofensivas da nossa modéstia e que são a mais formal negação dos apregoados propósitos do Governo.

Anuncia-se para breve a viagem presidencial ao Porto.

Não quero de modo algum significar, com as minhas palavras, menos consideração pela segunda cidade do país, centro comercial e industrial importantíssimo, cuja laboriosa população tanto contribui, com o seu esforço e actividade, para a riqueza do .país, mas afigura-se--me neste momento de mau efeito tal viagem, despendendo-se com ela importantíssimas quantias e sangrando-se assim o Tesouro exausto numa época que toda a gente, a começar pelo Governo, diz ser de sacrifício.

,; Que confiança podem merecer ao país as palavras e os anunciados propósitos do Sr. Álvaro de Castro?

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O exemplo deve vir de cima e só assim o país se convencerá da boa vontade dos homens que o governam.

Parece que tudo aconselhava neste momento a que se não fizesse tam dispendiosa viagem.

Não se chocaria pelo menos a nossa sensibilidade.

O Sr. Pereira Osório (interrompendo):— Isso já foi explicado. Está dito e redito.

O Orador: — Não estava presente quando se tratou do assunto nesta Câmara, mas parece-me que o nosso ilustre colega o meu distinto correligionário que a ele se referiu não versou este ponto concreto.

Tratou apenas do acompanhamento com que se pretende ir ao Porto,, ou seja da divisão naval e da companhia lírica, o que representa mais um aspecto da megalomania que presenciamos.

(jRá ou não há necessidade de fazer economias ?

(j Se há necessidade disso, como toda a gente vê, porque se não começa por.cima?

O exemplo deve vir do alto.

Era assim que se fazia no negregado tempo da monarquia.

Assim aconteceu no Governo de salvação pública, de Dias Ferreira.

Perante a necessidade de urgentes e radicais economias foi El-EeiD. Carlos o primeiro a dar o exemplo, prescindindo de 100 contos da sua lista civil, a favor do Tesouro Público.

E 100 contos nesse tempo era alguma cousa.

O Sr. Presidente da Kepública não teve ainda um gesto desses.

Pois não é porque seja deficiente a sua lista civil, cuidadosamente aumentada antes da sua eleição.

Mas, Sr. Presidente, há uma outra circunstância a ponderar.

Fala-se numa viagem ao Porto em comboio especial.

Quanto custa isso ?

(jComo se justificam despesas dessas neste momento?

,; Estamos ou não num período de economias ?

Estamos, diz o Governo.

Não estamos., dirá o povo, em face do que vê.

E eu direi com ele: estamos em regime de mistificações.

Não se tome à conta de parcialidade política o que afirmo.

Estou absolutamente convencido de que essa compressão de despesas ó simples fogo de vistas.

Mas, se porventura há algum desejo de fazer qualquer cousa útil a tal respeito, não se desprezem ao menos certos aspectos morais da questão.

Há pontos melindrosos que o Sr. Álvaro de Castro não pode deixar de atender, e sobre os quais é preciso reflectir.

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