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Sestt&o dê 20 de Fevereiro de 1924

e dê providências o mais rapidamente possível, para que no distrito do Funchal não continue a existir a enorme anomalia que'acabo de citar a Y. Ex.a

O Sr. Ministro da Instrução Pública (António Sérgio): — Sr. Presidente: o digno Senador tratou de dois pontos, o das Escolas Primárias Superiores, e o da escola primária na Madeira.

Pelo que respeita ao primeiro ponto, estou ^completamente de acordo com S. Ex.a E preciso remodelar as Escolas Primárias Superiores.

Elas foram criadas atrabiliàriamente, com pouca ponderação. E preciso, portanto, pôr em ordem o ensino primário superior, e disso estou tratando.

Os alunos continuam porque o ensino primário superior continua também.

Vão-se remodelar os programas, vão ser outros, ou por outra, vão ser depurados, mas continua a haver o ensino primário superior.

Antes de finalizado este ano escolar devem acabar os trabalhos de remodelação ; entra o novo ano escolar, e os alunos continuam a estudar.

De maneira que os-alunos não ficam prejudicados. Pelo contrário, continuam com escolas melhores que as que têm actualmente.

Pelo que respeita à escolaridade primária o problema é complexo.

Disse S. Ex.a que ^os pais têm repugnância em mandar os filhos à escola porque dizem que os não querem para doutores.

You assustar um pouco S. Ex.a dizendo que acho razão aos pais.

Há a considerar no problema da instrução primária três elementos: a quantidade de escolas, a quantidade de alunos, e a qualidade das escolas.

Não vejo grande vantagem em que nós ampliemos a quantidade do ensino primário antes de termos aperfeiçoado a qualidade.

O ensino nas bases em que está, o ensino tal como está, é em grande parte prejudicai.

Vou mostrar o que sucede.

Q exame das estatísticas feito pelo distinto médico Sr. Dr, Alfredo Luís-Lopes, demonatra, que a percentagem da criminalidade em Portugal é superior entre os

^indivíduos alfabetos, que passaram .pelas escolas primárias, entre os indivíduos que gabem ler e escrever, em relação àqueles que não sabem.

Acrescentando-se, que os indivíduos que sabem ler e escrever escapam mais facilmente pelas malhas da justiça do que os outros, porque a sua criminalidade é menos violenta, e pelos tribunais é mais docemente tratada.

Por outro lado, a Tutoria da Infância que funciona em Lisboa, e que é uma instituição para recolher os rapazes vadios, tem estabelecido a sua estatística, que nos mostra claramente, que a maioria dos vadios provém das aldeias, de indivíduos que lá frequentaram a instrução primária.

O que sucede é que, dada a orientação que tem a nossa escola primária, tendo como ponto fundamental o ensinar a ler e a escrever, o indivíduo que vai lá o que ó que aprende?

Aprende a ler e a escrever.

Ora já diz ò pedagogista americano que, saber ler e escrever é tanto uma instrução, como uma faca e um garfo é um bom jantar.

Saber ler e escrever é um instrumento de instrução como qualquer outro, mas não é uma instrução completa.

Os rapazes que aprendem somente a ler e a escrever adquirem um sentimento de superioridade em relação ao seu ambiente e um certo desprezo pelos pais que cavam a terra, mas que não sabem ler nem escrever.

Assim vão para a cidade e a breve trecho reconhecem, que não sabem nada por que realmente escrever e ler não basta para um indivíduo se empregar.

As estatísticas indicam que o aprendizado único de escrita e leitura, é antes prejudicial à organização social.

A pedagogia moderna considera que o ensino se tem de moldar às necessidades sociais.

Atender ao trabalho que as crianças devem exercer primeiramente e, depois, à instrução da leitura e escrita,