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Sessão de 14, 18 e 19 de Março dê 1924

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Eu ainda há pouco tive conhecimento de que se jogava no Funchal, o devo dizer clara e francamente: a questão do jogo, a meu ver, é uma questão que se não pode resolver, tal como está presentemente, nem aqui nem no Funchal, porque não tenho os elementos precisos para o reprimir.

Eu tenho ordenado que se façam assaltos, e custa-mo ver que os meus subordinados ficam depois cobertos de ridículo.

E a culpa em parte ó do Senado da Kepública.

Vozes : —Ora essa.

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O Orador:—Vou dizer a razão.

Na outra casa do Parlamento foi apresentado sobre o assunto um projecto do Sr. Vasco Borges, projecto esse que foi aprovado e passou para o Senado. Não há maneira do discutir o, aprovar aqui essa lei, que, embora não resolvesse prontamente a questão, dava elementos quo permitiam com toda a certeza reprimir de qualquer forma o jogo.

Aprove o Senado essa lei, que a questão só resolverá depois mais facilmente.

Por emquanto nada se pode fíizer, porque nas casas de jogo não se pensa noutra cousa senão ludibriar a polícia, de forma que, apesar de a polícia ter a certeza de que se está jogando, os assaltos só resultam, para a polícia, ridículos.

O Sr. Tomás de Vilhena: — O que eu garanto a V. Ex.a é que emquanto eu íui governador civil do Funchal lá não se jogou.

O Orador: — No tempo a que V. Ex.a só refere vivia Hintze Ribeiro, que foi quem mais combateu o jogo, combate esse que deu em resultado deixar-se de jogar nas casas de batota, mas jogar-se nas casas particulares, jogando-se ato no meio do Tejo, em faluas.

O Sr. Presidente: — É a hora V. Ex.a não pode falar mais.

Vozes : — Fale, fale.

O Orador: — Para terminar as minhas considerações, queria dizer que a corpo-

ração da polícia é uma corporação disciplinada, corporação com que o regime pode contar. Tem hoje muitas más vontades, porque alguns guardas se deixaram perturbar e praticaram actos que são dignos de censura, o que ó pena.

Eu, logo que tive conhecimento do que se passou no Liceu de Camões, chamei o Sr. comandante da polícia o ordenei-lhe que fizesse um inquérito a 6sse caso.

S. Ex.a respondflu-me que já o tinha mandado fazer até.

Os polícias são homens como toda a gente, e lá pelo facto de 3, 4 ou 5 não saberem conter os seus nervos não pode ser culpada uma corporação.

Apoiados.

Por consequência, tomando na devida conta as considerações de V. Ex.a e agradecendo-lhe por me ter dado ocasião de fazer estas considerações, eu devo dizer que darei as ordens necessárias à polícia para satisfazer V. Ex.a

E, visto que estou no uso da palavra, devo ainda dizer, a respeito da viúva do malogrado comandante Carvalho Araújo, que essa senhora recebeu dinheiro por intermédio do governo civil, mas não o recebeu a título de esmola: foi um benemérito que lá foi deixar esse dinheiro para lhe ser entregue.

Isto não constitui baixeza nenhuma.

O Sr. Procópio de Freitas:— Sr. Presidente: rcqueiio a V. Ex.a que consulte a Câmara sobre se permite que eu use da palavra para explicações,

Vozes:—Fale, fale.

O Orador:—Agradeço reconhecidamente à Câmara e serei breve.

Sr. Presidente: ouvi com toda a atenção as explicações dadas pelo Sr. Presidente do Ministério e pelo Sr. Ministro do Interior, o devo dizer que folgo bastante em saber a situação em que se encontra a viúva do meu malogrado camarada Carvalho Araújo.

Eu lembrei isto aqui à Câmara em virtude da notícia que veio nos jornais e que dava a impressão ao público de que esse dinheiro que essa senhora recebeu tinha sido dado a título de esmola.

O Século e a Imprensa Nova diziarEi;