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Sessão de 24 e 2ó de Marco dtt J924

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seguimento às considerações com que respondi ao Sr. Augusto de Vasconcelos.

O Sr. Oriol Pena está convencido de que o problema não terá solução sem que, cm vez do busto da Kepública que está nesta sala, assente o retrato do rei, o D. Manuel. D. Duarte, ou qualquer outro, conforme a preferência, mas enifim, do rei.

E euxdirei agora, como diz o meu amigo e antagonista — o não lhe chamo inimigo porque o não considero inimigo, Sr. Tornas de Vilhena — os republicanos sTio todos piores do que os outros: os reis são todos piores uns do que os outros.

Isto sem atingir chefes de Estado, porque não me compete, como parlamentar, proferir palavras de menos consideração para com os chefes de -Estado das diferentes nações estrangeiras.

Guardado o respeito que se deve guardar, e que eu guardei durante a monarquia sem nunca abstrair da minha quali-. dade de republicano, que sempre fui, desde o bauco das escolas, devo em resposta à írase do Sr. .D. Tomás de Vilhena, «o's republicanos são uns piores do que outros», dizer que os monárquicos devem aferir se pela mesma bitola.

Pregimto se se pode ter esperanças de haver uma monarquia em Portugal representando um Estado forte e prestigioso.

Para Venizelos, o grande homem do Estado da Grécia, que quis há pouco salvar a monarquia grega, os reis já não o são por graça de Deus; são reis por motivo da Constituição, são reis por vontade do povo e são reis por hereditariedade. São verdadeiros presidentes da República.

Venizelos não quis implantar a República no seu país com receio de que a Grécia pudesse resultar num Portugal do Oriente. Pois nós podemos dizer, infelizmente para a Grécia, que não queremos ser uma Grécia do ocidente.

Apoiados.

£ Acreditam os senhores Senadores monárquicos que haja algum rei capaz de fazer a vontade ao povo? Eu não acredito.

A monarquia teve 60 anos de paz, paz sólida, apenas perturbada pelo justo anseio dos republicanos em verem procla-

mada a República. Pois a única cousa que o país deve à monarquia durante esses 60 anos são apenas alguns melhoramentos materiais, a maior parte dos quais foram feitos para satisfazer influências políticas e mais nada.

Da instrução, a monarquia não curou nunca, o daí a percentagem enorme de analfabetos que conta a população portuguesa.

«jPorquo é que a República não atacou ainda a fundo esse problema? É porque a 13 anos da sua existência ela tinha diante de si esse pavor que foi a guerra europeia, a maior guerra de quo reza a história.

Ouçam ,S. Ex.as os senhores Senadores monárquicos: os males de que sofre a nossa Pátria não é por culpa da República, nem a República corre perigo senão no dia em que o povo a abandonar.

Mas não a abandona porque o povo já sabe o que é monarquia e o que é República, sabe que a República lhe pertence e que a monarquia nunca dele será, sabe que ele é que tem de pertencer à monarquia.

Sr. Presidente: continuo a ser partidário de um regime de forte intervenção do Estado e por isso não acredito na monarquia, e por isso quero uma República, mas uma República firmada pelos seus altos valores pessoais. E para que se possa obter um Estado forte no meio de um regime republicano forte é preciso que a República siga -as necessidades do povo, porque a República só se pode considerar forte quando fizer feliz o povo.

Vozes : — Muito b«m, muito bem. O orador não reviu.

O Sr. D. Tomás de Vilhena: — Sr.Presidente : eu já tenho declarado muitas vezes, aqui nesta Câmara, que não sou amador de autorizações ao Governo.

Sou parlamentar, e por consequência tenho dito aqui bastas vezes que preferiria que fossem apresentadas leis aqui ao Parlamento para nós as discutirmos em vez de se estabelecerem bases que podem ter uin desenvolvimento às vezes tam grande que nunca pode ser imaginado.