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Diário das Sessões do Senado

classe presta serviços grandes ao país, não se deve demorar esta discussão, porque eu, apesar de ser retrógrado, tenho os ouvidos mailo mais abertos í o que dia o povo do que muita gente imagina.

Por essa razão voto o projecto dn autorização cue agora se discute.

Entretanto permita-me o Sr. Ministro do Comércio que o aconselhe L. que organize isso d'3 maneira que o Sr. Presidente do Ministério não mota c dedo nu questão, senão está tudo perdido.

Isto é um conselho de amigo: meta-se sozinho a fazer esse trabalho na sua repartição senão está tudo perdic.o, temos desastre pela certa.

Ern resumo, Sr. Presidente, era isto que eu teria de dizer, se o meu querido amigo e antigo condiscípulo, Sr. Galhardo, não tivesse trazido para este projecto um& questão política.

Estar a fazer uma questão pclítica de um assunto meramente administrativo, que interessa a uma classe que não e nem monárquica rem republicana, são apenas servidores do Estado, não me Carece de muito tato político, mas desde que S. Ex.a produziu aquelas afirmações, eu cá estou a defender-me e a atacá-lo também.

Sr. Presidente : em . primeiro lugar é preciso saber uma cousa, é que ifitrás da existência, larga já, da Pátria Portuguesa o povo entendeu-se sempre muito melLor com as elites do regime transacto do que com as do actual. E a razão era simples: era porque noutros tempos os ideais c.as elites eram compreendidos pelo povo. os ideais das elites eram amados pelo povo e, por consequência, para a realização de todos esses grandes ideais, que eram a. independência da Pátria, a defesa da religião, as elites encontravam no povo, não servos de gleba, mas homens com os mesmos sentimentos, com o mesmo entusiasmo pela realização disse f-eu ideal.

Foi assim c começo da monarquia.

Foi o povo que acompanhou os no&sos reis com grande amor na luta de separação contra Castela e das cruzadas contra os mouros.

Foi o povo que acompanhou os nossos reis e os chefes das ordens militares na Península Hispânica contra os mouros, segundo asseveram cronistas eminentes.

falando nos feitos da peonagem portuguesa.

Foi ainda o povo quem acompanhou o Mestre de Avis a salvar Portugal das garras de Castela.

Foi o povo quem em 1640 encheu a praça do Terreiro do Paço, quando esse venerando D. Miguel de Almada bradou p o] a liberdade.

Foi esse povo quem aguentou perto de 40 anos a guerra da Restauração até Ameixial, onde foi dado o golpe final, abatendo , o estandarte defendido por D. João da Áustria. - ,

Foi esse povo quem defendeu o País dos franceses nos exércitos regulares e nas montauhas, fazendo rolar os rochedos sobre os invasores, queimando as suas casas, devastando as suas searas.

Foi este povo, que era um povo muito agradável e muito tranquilo, que pouco a pouco, mercê de uma propaganda má, o modificou a ponto de fazer a Eepública.

Este povo que, depois de 13 anos, re-conheeeu que foi iludido, esse povo que hoje. pela maneira como fala, ó caso de o ouvirem os homens da República, para que não haja alguma surpresa desagradável.

Nós não temos senilo duas soluções: monarquia ou anarquia,

A monarquia manteve durante 60 anos este País numa paz adorável, e quando o povo ia à Praça da Figueira comprava o peixe, a hortaliça, a carne, baratos. O País tinha estradas.

É vor('ade que muitas dessas estradas haviam sido feitas para satisfazer as influências eleitorais, mas bemditos esses influentes, porque daí derivaram interesses para o País.

Durante esses 60 anos vieram a Portugal os principais potentados prestar as suas simpatias aos reis, e, quando porventura lá iam fora, eram recebidos com a mesma consideração com que recebiam os maiores potentados.

Tínhamos aqui ordem.

jSíâo nadam estes ódios que hoje se no-tani, estava, tudo mais contente.

Esse bem-estar não se paga.