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Sessão de 9 de Maio de 1924

descobrem ao hino espanhol e se não descobrem ao hino nacional são os mesmos que diziam antigamente «antes Afonso XIII que Afonso Costa».

Tinha eu fugido dum campo de prisioneiros na Alemanha e havia-me refugiado numa cidade próxima.

Um dia entrei num café onde se jun-. tava toda a gente lá da terra. A certa altura, porque estava fardado de oficial português, uns músicos que lá estavam em cima lembraram-se de tocar o hino da carta, como sendo o hinp do meu país. Não deixei de me pôr imediatamente de pé, por reconhecer a intenção com que o facto era feito, e não deixei igualmente de agradecer aos músicos, pela forma por que o podia fazer, a atenção que tinham tido para comigo.

Quem procede assim tem exacta noção de cortesia e autoridade moral para falar neste assunto.

O Sr. Ribeiro de Melo: — É que V. Ex.a é republicano pela inteligência e eles são monárquicos pelo nascimento.

O Orador: — E assim espero sempre proceder, tendo o direito de estranhar que V. Ex.as, que tam corteses aqui se afir-, mam, se solidarizem com os indivíduos que não observam as doutrinas que V. Ex.as aqui apregoam.

O Sr. Querubim Guimarães:—Eu não me solidarizo com ninguém, nem emito parecer a tal respeito; apenas me admiro que V. Ex.a faça^uma distinção entre monárquicos e republicanos, como se "não fôssemos todos feitos da mesma massa. - E posso afirmar a V. Ex.a que tenho sido sempre coerente na minha forma de proceder.

Descubro-nie hoje perante a bandeira, como o fazia antigamente, porque a considero a bandeira da Pátria, cousa que no antigo regime não faziam alguns republicanos, como, por exemplo, o Sr. Afonso Costa.

O Sr. Ribeiro de Melo: — Isso não é verdade!

O Sr. Querubim Guimarães: — V. Ex.a não tem o direito de duvidar do que eu afirmo.

- O Sr. Presidente: — O Sr. José Pontes deseja tratar em negócio urgente da atitude do Banco de Portugal para com a subscrição aberta pelos jogos olímpicos.

Vou consultar a Câmara sobre se considera este assunto urgente.

Consultado o Senado, considerou o assunto urgente.

O Sr. José Pontes : — Começo por agradecer à Câmara a-sua captivanto gentileza, votando como urgente a questão que apresentei .à nossa Presidência e que diz respeito à atitude do Banco de Portugal diante da subscrição olímpica. . Sr. Presidente : pode-se estranhar a urgência do assunto. Possivelmente será o Sr. Ministro das Finanças, a quem parti-i cularmente me dirijo para dele obter uma resposta precisa, quem manifeste maior estranheza, por não compreender que um problema de carácter desportivo passe diante da discussão de outros problemas importantes e cuja resolução todos esperam do Senado. Mas tal problema também constitui um assunto de palpitante interesse, muito para atender pelas consequências e resultados futuros.

Antes de apresentar as minhas considerações, quero repetir o que já constitui' certo hábito parlamentar, que não tenho ligações com sindicatos, com Bancos ou com fortes organismos 'industriais. Ninguém pode fazer uma declaração tam peremptória e desassombrada como eu..

Vozes : — E eu, e eu...

O Orador:—Ainda bem. As interrupções demonstram qua estou em boa companhia, e que os senadores hão-de aceitar as minhas considerações, e aprová--las, fortalecendo o sr. Ministro das Finanças para que o decreto publicado há dias não seja apenas um espectaculoso espantalho em campo de seara, mas um decreto para ser imediatamente posto em execução. Nunca um espantalho para meter medo mas um processo para actualizar serviços dos jquais muito depende a tranquilidade pública.